publicado a: 2015-05-06

Uma batata feita com edição genética

Investigadores de botânica podem rapidamente modificar culturas de formas que o melhoramento convencional levaria anos para fazer. Dan Voytas é um geneticista de plantas na Universidade de Minnesota, mas dois dias por semana, ele pára de estudar os fundamentos da engenharia do ADN e vai para uma empresa próxima chamada Cellectis Plant Sciences, onde os aplica.

A sua mais nova criação, descrita num jornal de botânica do passado mês de abril, é uma batata Rangers Russet que não acumula açúcares doces a temperaturas típicas de armazenamento a frio. Isso permite que durem mais tempo e quando é frita ela não vai produzir tanta acrilamida, um cancerígeno.

O que é diferente sobre a batata é que ela foi criada com a ajuda da edição genética, um novo tipo de técnica para alterar ADN, que os cientistas dizem que vai ser revolucionário pela sua simplicidade e poder. A tecnologia também pode ser uma forma de projetar plantas que evitam os regulamentos, normalmente associados a organismos geneticamente modificados (OGM).

No caso da Ranger Russet, a técnica de edição genética de Voytas, conhecida como TALENS, deixou para trás qualquer vestígio exceto algumas letras de ADN apagadas. A edição desativa um único gene que transforma a sacarose em glicose e frutose. Sem ele, Voytas acredita que as batatas podem ser armazenadas por muito mais tempo sem perda de qualidade.

A batata é um protótipo do que os cientistas dizem ser uma forma de rapidamente chegar a novas gerações de plantas geneticamente modificadas. Com a edição genética, as pequenas empresas poderão desenvolver novas culturas muito rapidamente por uma fração do custo – mesmo para espécies que até agora permanecem praticamente intocadas pela biotecnologia como abacates, sorgo e flores decorativas.

A maioria das culturas geneticamente modificadas que têm sido comercializadas até agora incorporam genes de bactérias para fazê-las produzir inseticidas ou resistir a herbicidas. A oposição pública e requisitos regulamentares tornam essas plantas transgénicas caras de se desenvolver. É por isso que quase todas as plantas transgênicas são lucrativas – culturas extensivas como soja, milho e algodão – são vendidas apenas por um pequeno número de grandes empresas.

Os cientistas dizem que produtos como a batata são apenas o começo para as técnicas de edição genética em plantas. As mesmas tecnologias vão permitir engenharia muito mais sofisticada, incluindo a manipulação de fotossíntese para fazer plantas crescerem mais rápido e produzir mais alimentos.

Por enquanto, as técnicas estão a ser usadas para modificar plantas de formas mais modestas.

O próximo passo, será mudar as letras do ADN das plantas, trocando a versão que uma planta possui de um gene por outra que sabidamente oferece, por exemplo, resistência a doenças.

A batata levou apenas cerca de um ano para ser criada. Se isto fosse feito através de reprodução levaria de 5 a 10 anos. Além disso, custou um décimo do que custaria para criar e levar para o mercado uma planta transgénica, como milho ou soja.


Fonte: MIT Technology Review


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