publicado a: 2016-10-31

Banco de Sementes dos Açores conservou oito milhões de sementes em 13 anos

O Banco de Sementes dos Açores, localizado na ilha do Faial, já conservou oito milhões de sementes, em 13 anos de atividade, de 60 espécies e subespécies das nove ilhas, algumas em risco de extinção.

“A contagem total ao longo destes anos de conservação chega agora aos oito milhões de sementes”, afirmou a atual responsável pelo serviço, Violeta Olivan, acrescentando que se trata do “único banco de sementes no arquipélago, que reúne espécies e subespécies das nove ilhas açorianas”.

O Banco de Sementes dos Açores foi criado em 2003, no Jardim Botânico do Faial, com a finalidade de recolher e manter uma coleção de sementes viáveis das espécies mais raras dos Açores (árvores, arbustos e plantas), nomeadamente as mais ameaçadas.

A bióloga espanhola, de 29 anos, apontou o caso da espécie “Myosotis azorica”, que “só se dá nas ilhas das Flores e do Corvo e está em risco de desaparecer, pois tem populações muito pequeninas”, mas graças ao trabalho do Banco de Sementes foi possível preservá-la.

Violeta Olivan explicou que as sementes são conservadas durante anos a baixas temperaturas, num congelador, sendo que antes são apanhadas no seu habitat natural, limpas, é lhes retirada a humidade e depois são divididas em diferentes amostras.

“O processo de limpeza é basicamente separar as sementes de qualquer tipo de fruto que tenham à volta, lixo ou resto de plantas”, referiu a responsável pelo Banco de Sementes, alegando que este processo decorre, por norma, no inverno e pode demorar alguns meses, consoante as quantidades e as espécies.

Segundo disse a responsável cabe, ainda, à equipa do Banco de Sementes dos Açores realizar testes laboratoriais regulares para perceber a viabilidade das sementes recolhidas, antes de passarem para os viveiros (campos de plantação) e serem, posteriormente, devolvidas ao seu habitat natural.

“Todo este trabalho serve, também, para conhecer mais a biologia das plantas, saber quanto tempo a semente pode ser conservada, que condições precisa, pois cada planta é mundo”, considerou Violeta Olivan, assegurando que, para já, estas sementes não se destinam nem à venda, nem à exportação para fora da região.

Localizado numa antiga exploração agrícola de pastagens e pomares de laranjeiras da Quinta de São Lourenço, no Vale dos Flamengos, o Jardim Botânico do Faial atrai visitantes desde 1986.

Com uma área de cerca de 8000 m², este jardim presta um importante contributo científico, pedagógico e ecológico, com destaque para a conservação de sementes de espécies endémicas e sua propagação, entre outras valências.


Fonte: Observador

Comentários