publicado a: 2017-04-11

MIT vê na plantação digital o futuro da agricultura

Foto: Open agriculture iniciative

O MIT Media Lab está a desenvolver computadores que permitem a produção de alimentos em qualquer ambiente do planeta.

Com o avançar dos séculos, a crescente urbanização acentua a falta de áreas produtivas para agricultura. O facto emerge como um problema real para a alimentação do futuro.

No MIT Media Lab, Caleb Harper e a sua equipa acreditam que vai ser possível todos sermos agricultores, mesmo em ambientes totalmente urbanos. Harper é o principal investigador da Iniciativa Open Agriculture (OpenAG) e diretor do CitiFARM, no MIT Media Lab, e quer mudar o sistema de alimentação através da ligação entre os produtores e o mundo digital. Em conjunto com a sua equipa, desenvolveu um computador que pode recriar um ambiente específico em que as plantas crescem sem necessidade de solo.

O Food Computer é uma espécie de centro de controlo de uma estufa digital. De dimensões semelhantes a um computador pessoal, o Food Computer utiliza tecnologias agrícolas sem terra, como a hidroponia (técnica de cultivar plantas em alternativas ao solo, como líquidos ou areia) e a aeroponia (manter as plantas suspensas no ar), para controlar as condições climáticas dentro de uma câmara de crescimento para as plantas. Permite regular variáveis como o dióxido de carbono, a temperatura do ar, a humidade, o oxigénio dissolvido ou o pH.

Ao Huffington Post, Caleb Harper explica que “quando dizemos que gostamos dos morangos do México, estamos na verdade a dizer que gostamos das condições em que os morangos foram cultivados”. Por isso, questiona: “Porquê importar alimentos a milhares de quilómetros, quando se pode importar o clima onde o alimento é cultivado?”. Harper acredita que as mudanças climáticas produzidas em computadores conectados em rede e com um sistema agrícola informatizado são o futuro da alimentação. Ainda de acordo com os engenheiros do MIT, a câmara de produção pode ser utilizada até em ambientes extremos, como em um deserto ou na Antártida.

Qualquer pessoa pode construir um Food Computer e o MIT ensina como

A Iniciativa OpenAg é um projeto de plataforma aberta (“open-source”), o que significa que assenta num software informático cujo autor fornece, a custo zero, o direito de estudar, modificar e distribuir o software, para qualquer um e para qualquer finalidade.

Sobre a decisão de abrir a licença do software a qualquer pessoa, Caleb Harper argumentou, em entrevista ao “IEEE Spetrum”, que o futuro da agricultura deve passar por um sistema partilhado por todos: “Toda a gente projeta o seu próprio pequeno centro de dados para as estufas de armazém ou para as estufas verticais. Dizem que é super especial e tentam criar uma propriedade intelectual a partir dela. E não deixam as pessoas entrarem ou usarem os seus mecanismos, porque não querem que roubem as suas ideias brilhantes. Esse é o problema na minha indústria neste momento. As pessoas ainda não perceberam que há um sistema subjacente a isso. E não vai escalar até que haja uma plataforma comum.”

Outra inovação neste projeto do MIT é a inclusão nos Food Computers da luz azul de LED de alta eficiência que deu a três investigadores japoneses o Prémio Nobel da Física em 2014.

No separador do site “Build a Food Computer”, os cientistas envolvidos no projeto oferecem listas de materiais necessários, tutoriais em vídeo e um fórum onde a comunidade mundial contribui com as suas experiências. Ainda na página oficial da iniciativa, os investigadores explicam que o investimento financeiro tornou-se “bastante atrativo” para quem deseja construir um Food Computer, já que o tempo de retorno de lucro, que se estimava em 10 ou 12 anos, reduziu para seis a oito anos graças ao aparecimento de novas tecnologias.

Fonte: JPN UP

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