publicado a: 2015-05-19

A coexistência entre o milho geneticamente modificado e o convencional é possível

Um estudo recentemente divulgado confirma que o milho transgénico e o convencional podem coexistir com taxas de contaminação inferiores ao limite que obriga à rotulagem dos produtos que contém Organismos Geneticamente Modificados (OGM) como tal (0,9%).

O estudo, hoje apresentado pelo director do Centro de Informação de Biotecnologia (CIB), foi realizado no Baixo Mondego, na Lezíria Ribatejana e em Odemira, e concluiu que, mesmo no pior cenário, a presença de 24 linhas de milho separando os dois tipos de cultura seria suficiente para reduzir a contaminação por polinização cruzada para 0,85% (abaixo do limite de 0,9%).

As 24 linhas de milho (18 metros) estão definidas como distância de segurança para minimizar a polinização cruzada entre os dois tipos de cultura.

A investigação foi feita rodeando campos de milho transgénico com culturas de milho convencional.

Segundo o director do CIB, Pedro Fevereiro, sem qualquer separação entre os campos, a polinização cruzada atingiria 3,2%.

Com a presença de 24 linhas de milho não transgénico intercaladas, o valor baixaria para 0,85%, não sendo necessário rotulagem específica para indicar a presença de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) nos produtos.

Pedro Fevereiro adiantou ainda que a percentagem de polinização cruzada diminui à medida que aumentam as áreas cultivadas e que «só metade dos grãos de pólen transportam o transgene», já que se tratam de híbridos.

O estudo realizado pelo Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET) concluiu também que a percentagem de polinização cruzada varia de acordo com a localização e características do solo e do clima.

A legislação portuguesa obriga a uma distância mínima de 200 metros entre culturas transgénicas e convencionais e de 300 para a produção biológica. No caso do milho transgénico, as distâncias podem ser encurtadas até um mínimo de 50 metros, desde que o campo tenha uma bordadura com um mínimo de 24 a 28 linhas de milho não transgénico.

O cultivo de 17 variedades de milho transgénico em Portugal foi regulamentado em 2005, tendo sido já semeados, de acordo com o CIB, 1.000 hectares de milho resistente à broca, uma praga que apresenta nalgumas regiões portuguesas um a incidência de 60%o.

O milho transgénico produzido é usado na alimentação de gado.


Fonte: Diário Digital / Lusa

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