publicado a: 2018-11-21

Novo estudo: solos podem deixar de absorver para começar a emitir dióxido de carbono

Manter o planeta saudável é uma prioridade e há cientistas que têm vindo a fazer várias chamadas de atenção sobre isso. Em outubro, deixaram uma mensagem direta: ou paramos de comer carne ou acabamos com o planeta. O Relatório Planeta Vivo deste ano, publicado no mesmo mês, também garante que vamos precisar de mais 2,2 planetas para sobrevivermos se continuarmos com este estilo de vida. Agora, os solos também devem ser uma preocupação.

É que um estudo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, a 13 de novembro, alerta para o risco de solos que absorvem dióxido de carbono poderem ficar tão saturados que começam eles próprios a emitir aquele gás e a contribuir para o efeito de estufa.

Para sermos mais precisos, estima-se que os ecossistemas ricos em turfa — um solo rico em dióxido de carbono, que consegue absorver melhor do que qualquer outro na Terra — poderão gerar anualmente quase seis por cento das emissões totais de dióxido de carbono, que é o principal responsável pelo efeito de estufa e provoca o tão temido aquecimento global.

Ao aplicar um modelo que regista a evolução desde há 12 mil anos na zona amazónica do Peru, os investigadores deste estudo concluíram que a bacia de turfa, que é relativamente pequena, poderá libertar 500 milhões de toneladas de dióxido de carbono até ao fim do século, caso o clima continue a aquecer e a tornar-se mais húmido.

Tendo a América do Sul como exemplo, a tendência é para o clima ser mais quente e húmido. Ou seja, condições que levam a turfa a libertar o dióxido de carbono absorvido. É o que já acontece com turfa que está a ser destruída para dar lugar a agricultura em lugares como o Canadá, Sibéria ou o sudeste asiático.

De acordo com Qianlai Zhuang, professor de ciências terrestres, atmosféricas e planetárias na universidade de Purdue, nos Estados Unidos, “a agricultura intensiva e perturbações no uso dos solos, como fogos florestais” são as principais causas da perda de capacidade da turfa de funcionar como “um oceano terrestre” no que diz respeito à absorção de dióxido de carbono.

“Se a área que analisamos representar toda a Amazónia ou as turfas tropicais, a perda de carbono de turfa para a atmosfera em cenários climáticos futuros deve ser uma grande preocupação para a nossa sociedade”, acrescenta.

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