publicado a: 2022-05-05

A importância de fazer um bom controlo da Mosca do Mediterrâneo em citrinos

Neste momento não há praga que preocupe mais os citricultores no Algarve, que a mosca do mediterrâneo - Ceratitis capitata (Fig. 1). Esta praga tem mais de 250 hospedeiros, sendo preferenciais os citrinos e outras fruteiras.

Fig. 1 – Mosca do mediterrâneo – Ceratitis capitata (Wiedemann)

É uma mosca de tamanho menor que a doméstica e muito colorida. Os machos distinguem-se das fêmeas pois têm um par de antenas e não possuem o oviscapto; utilizado pelas fêmeas para colocarem os ovos.

Em citrinos os frutos atacados podem ser identificados porque dá-se um adiantamento da maturação do fruto. Posteriormente esse fruto apodrece na árvore ou cai ao solo e no seu interior pode verificar-se a presença de larvas de cor branca.

A duração de cada uma das fases do ciclo de vida desta praga é dependente de fatores como: temperatura, humidade e disponibilidade de alimento.

A fase de ovo pode durar de 3-7 dias no Verão e de 20-30 dias no Inverno. A fase de larva pode durar cerca de 50 dias. A pupa em condições ótimas encontra-se no solo durante 10 dias no Inverno ou 60 no Verão. Um adulto pode ter uma duração até 6 meses ( o mais normal é de 1 a 2 meses).

Este inimigo desenvolve-se com temperaturas ótimas de 16-32ºC e HR de 60-90%. Temperaturas abaixo dos 5ºC provocam uma elevada taxa de mortalidade em ovos e larvas. A atividade deste inimigo inicia-se com adultos que precedem de ovos colocados pelas fêmeas em Outubro do ano anterior. Os adultos emergem em Janeiro mantendo-se sempre em populações muito baixas nos meses seguintes sendo que a primeira geração do ano inicia com posturas de fêmeas que sobrevivem até ao mês de Março.

Cada fêmea pode depositar até 22 ovos por dia e 300 a 800 por ciclo de vida. Os adultos podem dispersar-se até 20 km de distância (Fig. 2).

Fig. 2 – fêmea de Ceratitis capitata. Pode verificar-se a existência do oviscapto.

Existem diversos contras com que nos debatemos neste momento. A falta de produtos fitofarmacêuticos autorizados para combate a esta praga é um deles. Efetivamente neste momento as soluções não são muitas, não há novas moléculas e as que há são utilizadas de forma irresponsável. Muitas vezes chega-se a fazer intervenções com estes fitofármacos sem se fazer uma correta monitorização da mesma.

Assim, deverá o Sr. Citricultor ter noção que antes de intervir deve monitorizar qualquer que seja a praga presente no seu pomar e nunca esquecer que parcelas diferentes requerem estratégias diferentes. Em seguida olhar para o leque de alternativas (Fig. 3) que tem e ver a que é mais adequada a cada uma das parcelas e não fazer uso indiscriminado (assim como concentrações) de piretróides como os que têm sido feitos nos últimos anos e que levou ao reaparecimento de algumas pragas que já tinham deixado de ter esse título (caso da mosquinha branca dos citrinos e outros).

Fig. 3 – A utilização de armadilhas de captura massiva é um método alternativo que permite reduzir a utilização de fitofármacos.

Sr. Agricultor “faça da sua mente um pomar, plante nele conhecimento e com o tempo colherá frutos”. (Fonte)

Carlos Rodrigues


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