publicado a: 2019-01-22

INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Janeiro 2019

Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Janeiro 2019.

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Previsões Agrícolas

As previsões agrícolas, em 31 de dezembro, apontam para uma ligeira diminuição da área instalada de cereais de inverno, essencialmente devido à redução das áreas de trigo (-5% no trigo mole e -10% no trigo duro) e de triticale (-5%). As sementeiras têm decorrido sem problemas e a germinação foi uniforme.

A colheita da azeitona para azeite está atrasada, estimando-se uma redução de 20% na produção (e fundas mais baixas) face à campanha anterior, com os olivais tradicionais a apresentarem cargas muito heterogéneas. Na azeitona para conserva, a redução da produção é semelhante, com os frutos a apresentarem boa qualidade e calibre.

Preços e índices de preços agrícolas

Em dezembro de 2018, as variações mais significativas em módulo no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas na batata (+98,7%), hortícolas frescos (+19,5%), azeite a granel (-18,1%) e frutos (-8,2%) .

Em setembro de 2018, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) aumentou 1,5%, enquanto o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 0,9%. Relativamente ao mês anterior, observou-se um aumento de 0,4% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente. No índice de preços de bens e serviços de investimento não se registou qualquer alteração.

Clima

O mês de dezembro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e muito seco. A temperatura média do ar, 10,6ºC, foi 0,6ºC superior à normal (1971-2000), tendo sido o terceiro dezembro mais quente desde 2000.

Quanto à precipitação, e em linha com o que tem sucedido desde 2011, os valores registados em dezembro foram inferiores à normal (-63% que a média 1971-2000). Este facto, de acordo com o índice PDSI1, provocou o surgimento da classe de seca meteorológica fraca que, no final de dezembro, ocupava 53% do território continental (essencialmente a sul do Tejo).

Estas condições meteorológicas permitiram que, na maioria das regiões, os trabalhos agrícolas tenham decorrido com normalidade, nomeadamente as podas das vinhas e pomares, a colheita da azeitona e de hortícolas e a sementeira dos cereais de inverno. Quanto às reservas hídricas, no final de dezembro, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental2 encontrava-se nos 67% da capacidade total, abaixo do valor médio observado para o período 1990/91-2017/18 (71%).

No final de dezembro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, registou um aumento face ao final de novembro nas regiões do interior Norte e Centro e uma diminuição no Alentejo e Algarve.

No Norte e Centro os valores eram superiores a 80%, sendo mesmo iguais à capacidade de campo em grande parte destas regiões. Na região Sul variavam, em geral, entre 40% e 80%.

Pastagens e forragens com desenvolvimento normal

O desenvolvimento vegetativo das pastagens e das culturas de sequeiro decorreu normalmente, já suportando o pastoreio pelos efetivos em regime extensivo. No entanto, as necessidades forrageiras das diferentes espécies pecuárias ainda não são totalmente satisfeitas com a massa verde da pastagem, havendo a necessidade de recorrer a fenos, palhas, silagens e/ou alimentos concentrados, em quantidades consideradas normais nesta época do ano.

Diminuição da área instalada de cereais de inverno

Os trabalhos de preparação dos solos e de sementeira dos cereais de outono/inverno foram retomados em dezembro, após a interrupção a partir da segunda semana de novembro provocada pelo excesso de humidade do solo. Ao longo do mês as sementeiras decorreram a bom ritmo, observando-se uma diminuição da área instalada de trigo mole (-5%), trigo duro (-10%) e triticale (-5%), e a manutenção no centeio e aveia. As germinações foram boas, encontrando-se as searas no início da fase do afilhamento, com povoamentos regulares e aspeto vegetativo normal.

Produção de azeitona decresce 20%

A colheita da azeitona para azeite ainda decorre, tendo-se observado um atraso significativo na maturação, consequência das condições climatéricas registadas ao longo do ciclo. A carga de frutos foi muito heterogénea nos olivais tradicionais de sequeiro (ano de contrassafra3),1prevendo-se um decréscimo de 20% na produção de azeitona, face à campanha anterior. De referir que a funda (rendimento da azeitona em azeite) tem vindo a aumentar com o decorrer da colheita, ainda que as estimativas apontem para um resultado abaixo do alcançado no ano anterior.

Na azeitona de mesa a redução da produção deverá ser semelhante, mas com frutos de maior calibre e melhor qualidade.

Índice de preços de produtos agrícolas no produtor

Em dezembro de 2018 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, da batata (+98,7%), hortícolas frescos (+19,5%) e plantas e flores (+1,0%); em comparação com o mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços do azeite a granel (-18,1%) e frutos (-8,2%).

Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços dos hortícolas frescos (+1,5%), frutos (+1,1%) e uma redução no índice de preços da batata (-4,7%), azeite a granel (-0,5%) e plantas e flores (-0,1%).

Índice de preços dos meios de produção na agricultura


Em setembro de 2018 assistiu-se a um aumento de 1,5% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, causado, principalmente, pela evolução do índice de preços dos adubos e corretivos (+18,3%) e energia e lubrificantes (+12,1%); em comparação com o mês anterior verificou-se uma variação de +0,4% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, devida, sobretudo, ao crescimento do índice de preços dos adubos e corretivos (+5,8%) e energia e lubrificantes (+1,5%).

No índice de preços dos bens e serviços de investimento registou-se uma variação positiva de 0,9%, devido, principalmente, ao acréscimo do índice de preços dos motocultivadores (+1,0%); em relação ao mês anterior não foi observada qualquer variação.


1 O índice PDSI (Palmer Drought Severity Index) baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Informação constante em IPMA - Monitorização da Seca - Índice PDSI - Situação Atual, in http://www.ipma.pt/pt/oclima/observatorio.secas/pdsi/monitorizacao/situacaoatual/, consultado em 15 de janeiro de 2019.

2 Informação constante do Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental - Situação das Albufeiras em dezembro de 2018,
in http://snirh.apambiente.pt/index.php?idMain=1&idItem=1.3, consultado em 15 de janeiro de 2019.

3 Safra e contrassafra - alternância produtiva anual evidente em determinadas culturas, muitas vezes ligada a práticas culturais e sistemas de produção. Num ano de safra a produção é elevada; por oposição, num ano de contrassafra a produção é baixa.

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