publicado a: 2017-06-20

A CNA reclama medidas excepcionais de avaliação e apoio para Pedrogão Grande

A Confederação Nacional da Agricultura, CNA, exprime o seu pesar e as mais sentidas condolências às muitas Famílias enlutadas e deseja a rápida recuperação dos feridos em consequência da tragédia brutal e devastadora que, a partir dos Incêndios Florestais deste fim-de-semana, se abateu sobre várias dezenas de vítimas e sobre a região de Pedrógão Grande e concelhos vizinhos como Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra.

CNA exprime também a sua solidariedade a todos aqueles que de alguma forma se envolveram no combate ao flagelo do fogo e no socorro às vítimas, assim como se solidariza com as Populações mais atingidas.

Esta tragédia brutal, com as várias dezenas de mortos e feridos, com toda a devastação provocada, consubstancia a mais grave consequência ocorrida em Portugal com os Incêndios Florestais e coloca-a mesmo ao nível das piores tragédias, de origem dita “natural”, alguma vez ocorridas no nosso País, ilhas dos Açores e da Madeira incluídas.

Na situação, a CNA afirma que não basta agora proclamar “três dias de luto nacional” e por muito que esta tragédia o justifique.

CNA reclama ao Governo e demais Órgãos de Soberania que também sejam rapidamente apurados todos os principais prejuízos provocados pela catástrofe em -- habitações e outros bens pessoais como oficinas, armazéns, máquinas e alfaias, instalações pecuárias, gados, culturas, vinhas, pomares, olivais, bem como quanto a incapacidade temporária para produzir devido à destruição dos equipamentos e/ou culturas e, ainda, por prejuízos em infra-estruturas colectivas, por exemplo, em estradas e condutas de água pública - para que, também de forma célere, sejam definidas medidas oficiais de excepção, incluindo a nível da União Europeia, capazes de apoiar as vítimas, desde logo as Famílias dos sinistrados e as Populações mais atingidas.

Neste terrível contexto, não basta que o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural faça de conta que nada de completamente excepcional aconteceu e venha apresentar medidas de circunstância como aquelas que já se tornaram rotineiras no âmbito de certos apoios do PDR 2020 e, ainda por cima, indexadas a eventuais seguros agrícolas ou de qualquer outro tipo que os Agricultores e as Populações Rurais possam ter feito normalmente.

É necessário apurar e fazer assumir todas as responsabilidades pela tragédia brutal que se deu a partir dos incêndios florestais em Pedrógão Grande e concelhos vizinhos

E tão grande e tão chocante é o acontecimento que não há para onde fugir:- é imperioso que o Governo e outros Órgãos de Soberania (de entre outras Entidades) apurem todos os principais vectores que se conjugaram, e como se conjugaram eles, para que pudesse ter acontecido uma tragédia de dimensão e impacto tão brutais. Ao mesmo tempo, imperioso é definir e atribuir todas as inerentes responsabilidades e a todos os níveis -- político, institucional, operativo e judicial.

Floresta industrial altamente comburente é o “pasto” ideal para as chamas incontroláveis logo que factores climatéricos se proporcionem

É certo que houve alguns factores pouco previsíveis, como os ventos fortes e cruzados, que potenciaram ainda mais os perigos provocados pelos Incêndios Florestais numa Região como esta.

Mas, e já não é nada de novo, sabido é também que o tipo de Floresta dominante na Região, a Floresta industrial em regime de cultura intensiva e contígua com Eucalipto e Pinheiro – espécies altamente comburentes – é o “pasto” ideal para os violentos e extensos Incêndios Florestais logo que certos factores climatéricos se conjuguem como também foi o caso.

Ganha pois toda a acutilância o “velho” problema da falta de definição e aplicação de um correcto Ordenamento Florestal que impeça as vastas áreas contíguas cheias de espécies muito comburentes (Eucalipto e Pinheiro) e em regime intensivo de produção.

Todavia, não se deve esquecer que a ruína da Agricultura Familiar, em consequência desta PAC e de muitos anos seguidos de más políticas agrorurais de matriz nacional, e os baixos Preços da Madeira na Produção são outros e determinantes factores que estão na base dos violentos e extensos Incêndios Florestais que se verificam sazonalmente mas que é possível evitar em larga medida.

Sim, é necessário fazer aumentar os Preços da Madeira na Produção!
Sim, são necessárias outra PAC e outras políticas agroflorestais!

Coimbra, 19 de Junho de 2017
A Direcção da CNA

Comentários