publicado a: 2019-05-20

Açores querem manter produção de vinho a partir da casta Isabelle e comercializá-lo fora da Região

O Secretário Regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, enviou uma carta ao Ministro da Agricultura a solicitar que Portugal, enquanto Estado-membro, defenda junto da Comissão Europeia que os Açores possam continuar a produzir vinho a partir da casta Isabelle e passar a poder comercializá-lo, sem restrições, para fora da Região.

Na missiva assinada por João Ponte, é considerado que o pedido açoriano “não coloca de modo algum em causa o propósito de Portugal na sua posição já assumida relativamente a esta matéria”, que vai no sentido de manter a proibição atualmente existente, a que está sujeita esta casta, bem como outras variedades híbridas de vinha.

Presentemente está em discussão, embora neste momento em suspenso, em virtude da proximidade das eleições para o Parlamento Europeu, uma proposta da Comissão para alteração do Regulamento (EU) n.º 1308/2013, que estabeleceu uma organização comum dos mercados dos produtos agrícolas, sendo que uma das alterações previstas se prende com o levantamento da proibição das variedades híbridas de vinha: Noah, Othello Isabelle, Jacquez, Clinton e Herbemont.

Acresce que a Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu já se pronunciou sobre esta matéria, entendendo que deverá manter-se a proibição, mas criada uma derrogação para as zonas de produção tradicionais destas castas, como é o caso dos Açores, desde que a área de plantação existente não seja aumentada.

O Secretário Regional da Agricultura e Florestas salientou que é a partir da casta Isabelle que é produzido o designado “vinho de cheiro”, que tem grande tradição histórica e mesmo cultural na Região.

Neste momento, o vinho de cheiro produzido só pode ser comercializado nos Açores, mas entende o Governo Regional que seria desejável poder passar a comercializá-lo fora dos limites geográficos do arquipélago, lembrando que existe uma comunidade Açoriana de dimensão muito significativa no continente norte-americano, onde não existem restrições às castas em causa, e que “poderá constituir um mercado muito apetecível, entre outros, para exportação daquele tipo de vinho”.

“Julgamos que os Açores, enquanto Região Ultraperiférica deveriam continuar a beneficiar de uma derrogação relativamente à proibição atualmente existente, conforme é possibilitado por via do Regulamento (EU) n.º 228/2013 (POSEI), mas também que a mesma deveria ser alargada, permitindo a comercialização sem restrições do vinho em causa, também para fora da Região”, advoga João Ponte na missiva dirigida a Capoulas Santos.

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