publicado a: 2020-10-20

Estudantes portuguesas vencem competição europeia de eco-inovação alimentar

O projeto OrangeBee, um preparado alimentar à base de aquafaba e pólen apícola que reutiliza desperdícios da indústria alimentar, foi o grande vencedor da competição que juntou estudantes universitários de 13 países europeus.

À quarta participação na iniciativa ECOTROPHELIA Europe, Portugal arrecada o primeiro prémio naquela que é a maior competição europeia em eco-inovação alimentar. O preparado fermentado OrangeBee, desenvolvido por duas alunas da Universidade de Aveiro, foi o grande vencedor da 13ª edição desta competição que promove a inovação, o empreendedorismo e a competitividade do setor agroalimentar europeu, desafiando estudantes do ensino superior a desenvolverem produtos inovadores e sustentáveis.

Bárbara Vitoriano e Adelaide Olim, alunas de mestrado em biotecnologia alimentar e design, respetivamente, na Universidade de Aveiro, desenvolveram um preparado fermentado de aquafaba (água que resulta da cozedura de leguminosas) com uma camada de geleia de laranja, polvilhado com pólen apícola. Este produto alimentar, que pode ser utilizado, por exemplo, como sobremesa, e reutiliza resíduos habitualmente desprezados pela indústria alimentar, foi premiado pelo júri europeu, liderado pela multinacional Nestlé. Christoph Hartmann, Head of Academic Alliances na Nestlé, explicou a escolha do júri: “O produto OrangeBee tem um design bastante apelativo, muita qualidade e uma proposta de valor elevada. É um excelente contributo para o futuro da inovação alimentar.”

As vencedoras da competição ECOTROPHELIA Europe 2020 afirmam: “Como cidadãs empenhadas, sabemos que as escolhas que fazemos, enquanto consumidoras, são determinantes para a sociedade, para a sua qualidade de vida e para o seu futuro. Sendo a luta contra o desperdício um pilar central das políticas de sustentabilidade, pareceu-nos que o desenvolvimento de um produto alimentar com base em aquafaba, yacon e cascas de laranja polvilhado com pólen apícola, vegetariano, sem glúten nem lactose iria notoriamente ao encontro das crescentes preocupações dos consumidores e das tendências deste setor. Esta distinção, a nível europeu, vem mostrar que o nosso trabalho e visão estão no caminho certo.”

OrangeBee foi o projeto eco-inovador que representou Portugal, de entre os 13 países em competição e as 14 universidades europeias presentes. Os projetos desenvolvidos pelas equipas de estudantes da Grécia e da Islândia garantiram o segundo e terceiro lugar do pódio, respetivamente – o projeto O- live, que desenvolveu gressinos à base de azeite e com diferentes recheios de vegetais e frutos gregos; e o projeto Frosti, que apresentou uma solução de flocos de skyr sem lactose.

É a quarta vez que Portugal participa na iniciativa ECOTROPHELIA Europe, cuja edição portuguesa é, desde 2017, dinamizada pela PortugalFoods. No passado mês de setembro, o preparado OrangeBee destacou-se no concurso nacional (que contou com 16 equipas e envolveu 63 estudantes e 14 instituições de ensino superior nacionais), ganhando o direito de representar Portugal na final europeia.

De acordo com as mentoras do projeto, OrangeBee é um preparado fermentado sem gordura e fonte de fibra, com 89 kcal por porção (que providencia 8% da dose diária recomendada de vitamina C e 21% da dose diária de FOS, prebiótico importante na regulação do trânsito intestinal), sendo um produto vegetariano, sem glúten e lactose. Devido à presença do pólen apícola, considerado alimento funcional, o consumidor obtém também uma quantidade considerável de vitaminas antioxidantes e flavonoides, essenciais na proteção do organismo contra as agressões externas.

Deolinda Silva, Diretora Executiva da PortugalFoods, refere: “A distinção europeia deste projeto português não nos podia encher de mais orgulho. O setor agroalimentar português é conhecido, há muito, nos mercados internacionais, pela sua qualidade e excelência. O facto de se mostrar como uma indústria cada vez mais inovadora, atenta às tendências e aos novos padrões de consumo, que colocam a sustentabilidade no topo da agenda, certamente irá ajudar no caminho da promoção do setor agroalimentar nacional lá fora.” A responsável acrescenta: “Por outro lado, este prémio é também o reconhecimento do esforço que o setor tem feito no sentido de se aproximar das universidades e dos centros de conhecimento e inovação. Sem dúvida, este estreitamento de relações é a garantia de que o agroalimentar nacional está a preparar o seu futuro.”

Por sua vez, o embaixador deste prémio, João Miranda chairman da Frulact, declara: “Esta distinção é a prova de que o setor agroalimentar português precisa dos jovens para garantir o seu futuro. É o seu olhar fresco, interessado e detentor de conhecimento científico que prepara as empresas para responderem aos desafios que têm pela frente.”

Inicialmente integrado na grande feira internacional SIAL 2020, que decorreria esta semana em Paris (e, entretanto, adiada para 2022, por força da situação de pandemia), a entrega dos prémios ECOTROPHELIA Europe 2020 foi realizado através de uma cerimónia virtual.

A 4ª edição nacional do prémio ECOTROPHELIA contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República e teve o apoio da APCER, da Agência Nacional de Inovação, da Câmara Municipal do Porto e do TecMaia – Parque de Ciência e Tecnologia da Maia. Destacam-se como parceiros do ECOTROPHELIA as empresas Cerealis, Grupo Primor, Novarroz, Vieira de Castro, assim como a All The Way Travel, Brandit, Creative Building Solutions, Market Access, Patentree e Sociedade Portuguesa de Inovação.

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