publicado a: 2019-12-06

Portugal será 3.º maior produtor mundial de azeite numa década

Estudo indica que o olival alentejano, nos últimos 11 anos, cresceu cerca de 10% e já assegura 75% da produção de azeitona.

Portugal deverá tornar-se na “maior referência na olivicultura moderna”, estimando-se que, na próxima década, venha a ser “o terceiro maior na produção mundial de azeite” e o sétimo maior em superfície, perspetiva o estudo “Alentejo: a liderar a olivicultura moderna internacional”, que será apresentado esta terça-feira, em Beja, na 6.ª edição das Jornadas Olivum, organizadas pela Associação de Olivicultores do Sul. A perspetiva de crescimento é sustentada na evolução que se tem verificado no país e, em particular, no Alentejo, com o contributo do Alqueva.

Em 2006, por exemplo, Portugal conseguiu produzir 362 mil toneladas de azeitona, mas 11 anos depois, esse valor tinha subido 2,5 vezes, acompanhado pela melhoria da produtividade da azeitona, que quadruplicou em 18 anos, lê-se no estudo.

Na atualidade, sendo o 9.º maior produtor de azeite a nível mundial, o país conta com 361 mil hectares de olival, do onde se extraem cerca de 135 mil toneladas de azeite, um montante apreciável que se converteu no último triénio num volume de negócios na ordem dos 600 milhões de euros, 2,5 vezes mais do que o alcançado no triénio de 2010 a 2012. O texto refere que esse montante corresponde a 9% do valor da produção agrícola nacional. A favor de se tornar no terceiro maior produtor mundial joga também, segundo o estudo, o facto de o olival moderno já representar 62,8% – ora em copa (119 mil hectares), ora em sebe (108 mil hectares) – e de o olival tradicional estar nos 37,2% (140 mil hectares), sobretudo na Beira Interior e Trás-os-Montes.

Por outro lado, Portugal já conta com “duas empresas que são referências internacionais na produção de azeitona e no embalamento de azeite”, além de ter a vantagem de ser “um dos primeiros lugares do planeta onde se inicia a campanha de azeitona, oferecendo ao mercado os primeiros azeites da campanha de elevada qualidade”.

Bom para exportações e emprego

O dinamismo conseguido teve o mérito de travar as importações de azeite, o que aconteceu em 2014, ano a partir do qual o país passou a exportar, tendo sido o 5.º maior exportador em 2017, de acordo com o Conselho Oleícola Internacional. Portugal tem assegurado vendas consistentes ao exterior na ordem das 132 mil toneladas ao longo dos últimos cinco anos, refere o documento, coordenado pela Consulai e por Juan Vilar-Consultores Estratégicos.

Do crescimento económico resultou igualmente um efeito laboral positivo. Segundo os autores, “o emprego relacionado com o setor representa sete milhões de dias de trabalho em cada campanha, o que equivale ao trabalho de cerca de 32 mil pessoas a tempo inteiro. Citando o Instituto Nacional de Estatística, as pessoas empregadas estão distribuídas pela olivicultura (79%), produção de azeite (12%), comercialização (7%) e na refinação (2%).

“Revolução” no Alentejo

No contexto nacional, o Alentejo acabou por se tornar, desde 2007, na região com mais produção de azeitona, tendo chegado a garantir 75% do total do fruto produzido no país, em 2018, quando há 20 anos representava apenas 25% desse total. Para isso contribuiu o aumento da área de olival na região que, nos últimos 11 anos, cresceu 10%, para 172 mil hectares, assinala o estudo.

Mas, a opção pelo cultivo de “olivais modernos, eficientes e de regadio”, por oposição aos tradicionais, de sequeiro, permitiu, segundo a análise, “aumentar a produtividade mais de seis vezes nos últimos 18 anos”, à volta das três toneladas de azeitona por hectare, embora possa subir até às 12 toneladas, “pelo que se espera um crescimento muito acentuado da produtividade regional (e, por arrasto, da produtividade nacional) da azeitona”.

O desempenho da olivicultura alentejana está diretamente associada à influência do Alqueva, onde o olival já ocupa 55 mil hectares, sendo 90% moderno. A rentabilidade das explorações está “acima de 69,96% do olival no mundo”, admite-se na publicação. “Do ponto de vista económico assistimos a uma verdadeira revolução; em poucos anos a cadeia de valor do azeite passou a valer cerca de 450 milhões de euros”, uma realidade que o estudo relaciona com a consequente fixação de pessoas e melhorias no seu rendimento.

Com investimentos iniciais muito na mão de espanhóis, na atualidade, passaram a ser liderados por empresários portugueses, sobretudo, jovens agricultores (45%), refere o estudo. Na região do Alqueva, o investimento em olival representa 46,5% do investimento total agrícola no Alentejo (655,7 milhões de euros).

O que se faz pelo mundo

A nível mundial, há 64 países que produzem azeite, com um total de mais de 11,5 milhões de hectares de olival, sendo 70% tradicional. No entanto, sublinha o estudo, os restantes 30% em regime moderno produzem 40% do azeite total do mundo. A nível mundial, a olivicultura gera um volume de negócios de 13 mil milhões de euros, empregando mais de 35 milhões de pessoas e aproximadamente 7 milhões de famílias, lê-se ainda no documento.

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