publicado a: 2015-09-07

Vila Pouca de Aguiar acolhe debate internacional sobre a castanha

O aumento da produção de castanha na Europa e o combate às doenças que afectam os soutos são temas em destaque num encontro internacional que decorre entre 09 e 12 de Setembro, em Vila Pouca de Aguiar.

Durante quatro dias, Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, vai ser palco de três eventos dedicados à castanha, nomeadamente o II Simpósio Nacional da Castanha, o VI Encontro Europeu da Castanha e a I edição da Castanha Logística Europeia.

«O grande desafio neste momento para a Europa é o aumento da produção de castanha e o combate às doenças que estão a levar à quebra de produção, bem como algum abandono dos soutos que se verifica nas zonas rurais», afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional da Castanha – Refcast.

José Gomes Laranjo defendeu que a Europa precisa de aumentar a área de produção de castanha em cerca de «40 mil hectares» para conseguir dar resposta à procura não só dos consumidores em produto fresco mas também da indústria.

Há 50 anos o continente europeu liderava a produção deste fruto, no entanto atualmente produz apenas cerca de 200 mil toneladas contra os cerca de 1,8 milhões de toneladas do resto do mundo.

«Não há castanha e esta falta abre portas a castanhas de menor qualidade de outras proveniências e pode ser dramática esta abertura de portas, designadamente à asiática», salientou o também investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

O responsável sublinhou a importância desta cultura para a economia nacional e frisou que, só no ano passado, foram exportados cerca de 60 milhões de euros de castanha.

Esta é também uma produção muito afectada pelas doenças e pragas, nomeadamente o cancro, a tinta e, mais recentemente, a vespa das galhas do castanheiro. O cancro é uma doença que aparece nos ramos e troncos das árvores, enquanto a tinta apodrece a raiz.

A vespa aloja os seus ovos nos gomos dos castanheiros. Só quando estes formam novos ramos é que se percebem as deformações e inchaços nas folhas. Depois de infectados, os ramos não conseguem dar mais fruto.

Estas doenças e pragas afectam a produção, pelo que José Gomes Laranjo defende uma maior investigação na área para combater estas patologias. O investigador salientou que, este ano, a tinta «está a provocar um problema dramático em Trás-os-Montes».

«Estão a morrer imensas árvores devido às condições de secura e de temperatura, que são condições propícias ao desenvolvimento desta doença e não há nenhum antídoto e produto eficaz para tratar, porque é uma cultura que não tem o grau de desenvolvimento de outras», sublinhou.

Enquanto no Encontro Europeu se vai falar mais da produção e dos apoios estatais e comunitários reivindicados para o sector, o Simpósio Nacional do Castanheiro vai destacar a investigação nacional e internacional que está a ser feita nesta fileira.

José Gomes Laranjo lamentou que candidatura apresentada à Fundação para a Ciência e Tecnologia para estudar a vespa em Portugal não tenha sido aprovada, considerando que «era fundamental» para travar a propagação desta praga no país.

Depois, em Simultâneo decorre a Castanha Logística, uma feira de atividades que vai contar com a participação de cerca de 30 empresas que vão mostrar equipamentos, serviços, investigação relacionada com o sector, mas onde vão marcar também presença viveiristas ou vendedores de produtos transformados.

O evento é promovido pela RefCast, em conjunto com as câmaras de Vila Pouca de Aguiar e Valpaços e a Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal.


Fonte: Lusa via Confagri


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