publicado a: 2018-04-23

Nova película biodegradável e comestível

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu uma película biodegradável e comestível que é capaz de prolongar a vida útil dos alimentos e suas características naturais por 40 dias. A tecnologia foi aplicada pela primeira vez em cerca 500 mil unidades de coco verde brasileiro, que serão comercializados no continente europeu a partir de junho.

Os estudos sobre o revestimento das frutas foram desenvolvidos por mais de uma década com o objetivo de aumentar a durabilidade dos alimentos, que no caso dos cocos passou de dez dias para mais de um mês. Josane Resende, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), foi uma das integrantes do projeto de investigação e conta que o filme desenvolvido mantém o produto conservado por muito mais tempo, protege as qualidades originais das frutas e garante que elas possam ser ingeridas sem risco para a saúde. “O revestimento atua como uma barreira física e reduz o metabolismo do fruto ao diminuir a respiração, a atividade enzimática, a degradação de açúcares, minerais e vitaminas, mantendo as características sensoriais e garantindo a qualidade microbiológica do fruto e da água, ou seja, conservando-o por mais tempo”, explica.

Por enquanto, apenas os cocos da variedade anão-verde, que são produzidos no Polo de Fruticultura do Vale do São Francisco em Petrolina (PE), contarão com o revestimento do plástico biodegradável. O empresário Edivânio Domingos, da Fazenda Coco do Vale, destaca que há anos que os produtores procuravam por uma tecnologia que permitisse o aumento da conservação dos produtos in natura. “Esta tecnologia da Embrapa é espetacular, porque é de baixo custo e requer pouca mão-de-obra. São apenas três etapas: higienização, imersão na solução e secagem. Assim, conseguimos ampliar a vida útil do coco verde para mais de 40 dias, viabilizando a sua exportação para países europeus como Portugal, Bélgica e Holanda”, comenta.

A nova tecnologia também auxiliará no aumento dos lucros obtidos pelos produtores, no caso da exportação do coco para o mercado europeu, a unidade será vendida por um valor dez vezes superior ao praticado no Brasil durante o mesmo período, quando por aqui é inverno. Segundo Antonio Gomes, investigador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, estudos similares já estão a demonstrar bons resultados em outras frutas e a expectativa é de que em breve várias delas possam contar com uma tecnologia semelhante.“O revestimento pode ser utilizado em diversas frutas, como coco, melão, mamão, manga, melancia e goiaba. É uma tecnologia simples, que o próprio produtor pode aplicar na sua exploração”, conclui.

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