publicado a: 2018-12-20

A agricultura biológica é pior para o planeta

Os alimentos cultivados organicamente têm um impacto climático maior do que os alimentos cultivados convencionalmente, devido à necessidade de maiores áreas de terra para cultivar.

A agricultura biológica, ou agricultura orgânica, tem como principal objetivo maximizar o “natural” e minimizar a interferência química quando os alimentos são produzidos, mas será mesmo a melhor opção para o meio ambiente?

Uma equipa internacional de cientistas defende agora que, como as culturas orgânicas produzem muito menos, porque não são usados fertilizantes para impulsionar as colheitas, é necessária muita mais terra para produzir a mesma quantidade de alimentos biológicos que as culturas convencionais.

A equipa de especialistas concluiu ainda que os alimentos biológicos têm um impacto maior no clima do que os alimentos convencionais devido às emissões extras de dióxido de carbono produzidas pelo desmatamento exigido como resultado de uma produção orgânica menos eficiente.

Imagem de "ZAP"

Stefan Wirsenius, um dos autores do estudo publicado recentemente na Nature, afirmou que “o maior uso da terra na agricultura biológica leva indiretamente a maiores emissões de dióxido de carbono, graças ao desmatamento”.

Para o estudo, os cientistas concentraram-se na produção de ervilhas e trigo orgânicos na Suécia. A equipa descobriu que as ervilhas cultivadas de forma biológica têm um impacto 50% maior no clima do que as cultivadas através de métodos convencionais. Para outros alimentos, depararam-se com uma diferença ainda maior, com o trigo a ter um impacto de 70%.

“Este é um grande descuido”, afirma o cientista, adiantando que, “como mostra o nosso estudo, este efeito pode ser muito maior do que os efeitos dos gases com efeito de estufa”.

Os cientistas salvaguardam que é também provável que haja um efeito indireto para a carne orgânica e produtos lácteos, dado que esses animais são alimentados com alimentos orgânicos, cultivados em fazendas que ocupam mais espaço. Mas, como não foi estudado, ainda não passa de uma hipótese.

Com este estudo, os cientistas não estão a sugerir que a agricultura biológica deva ser posta de lado. Em vez disso, acreditam que o seu uso deve ser cuidadosamente considerado.

“Alimentos orgânicos tem várias vantagens em comparação com os alimentos produzidos por métodos convencionais. Mas quando se trata do impacto climático, o nosso estudo mostra que a comida orgânica é uma alternativa muito pior“, adianta Wirsenius.

Comentários

  •   ajsa.beja 2018-12-20 0 0
    Esta notícia, no mínimo, é hilariante, mas compreende-se a enorme preocupação face ao potencial da agricultura biológica e do modo com o consumidor hoje observa a produção de alimentos. Vejamos onde este estudo roça no ridículo. A base do estudo é inequivocamente a utilização do solo, afirmando que, algumas culturas em modo de produção biológico (MPB) apresentam menor produtividade relativamente à agricultura convencional, e, consequentemente, conduzirá a uma maior desflorestação (e aqui saímos da ciência e entramos na futurologia) alegando que, uma vez que, para a mesma produtividade há necessidade de maior área, então, dará lugar a uma maior desflorestação e consequentemente, de forma indireta, a maiores emissões de dióxido de carbono. Poderia ir por aqui. Atribuir responsabilidades ao MPB, à emissão de dióxido de carbono proveniente de outras fontes é absolutamente caricato. Não o farei, sei mais objetivo e sério. Sejamos realistas e honestos! A humanidade não necessita de mais alimento, aliás, neste momento a produção agrícola está longe de ser realizada com a necessária eficiência. Hoje produz-se uma abundancia excessiva de alimentos para a população global e, ainda assim, assiste-se ao trágico crescimento de instabilidade alimentar e fome em todo o mundo provocada pelo desperdício de alimentos, dietas desajustadas e distribuição desigual. (https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/10440046.2012.695331) Sabendo que a desflorestação atual foi/é realizada para a agricultura convencional (soja, palma…), afirmar que o MPB será responsável pela desflorestação é absolutamente ridículo e roça a plena ignorância e desonestidade, descredibilizando por completo o autor. A agricultura industrial, em combinação com a agricultura de subsistência, é o mais significativo fator de desmatamento em países tropicais e subtropicais, e levou a 80% da desflorestação entre 2000-2010. (https://globalforestatlas.yale.edu/land-use/industrial-agriculture) Curiosamente, e de enorme importância, o autor não considera no estudo a produção e transporte de fertilizantes para a agricultura convencional responsável por 10% das emissões de CO2 na agricultura, algo que não se verifica em MPB. (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308521X05001939) (https://academic.oup.com/bioscience/article/63/4/263/253267)
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