publicado a: 2020-11-11

No Brasil, vespas nativas são usadas para controlar mosca-da-fruta

Imagem: Embrapa

Uma tecnologia inovadora utiliza parasitóides nativos para controlar as moscas-da-fruta (A.fraterculus e C. capitata). Investigadores do Laboratório de Entomologia da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), empregaram a vespa Doryctobracon areolatus, que alcançou até 40%d e parasitismo das larvas da mosca, considerada um dos grandes problemas da fruticultura no mundo.

Os cientistas informam que os resultados são promissores e indicam potencial de uso nos pomares como técnica de controle biológico dentro de uma estratégia de gestão integrada de pragas. O parasitóide poderá ser indicado tanto para culturas em modo de produção biológico quanto para pomares convencionais.

“Vários países da União Europeia impõem restrições ao uso de pesticidas químicos na fruticultura, por causa disso, para exportar para esses mercados o Brasil deve substituir as aplicações por alternativas limpas de controle de pragas”, esclarece o entomologista Dori Edson Nava, investigador da Embrapa.

Como funciona?

Na prática, o uso desse parasitoide envolve etapas de produção das vespas, em laboratório, seguido de sua liberação nos pomares que estejam com ataque de moscas-da-fruta. Após a liberação, as fêmeas do parasitoide irão localizar as larvas da praga no interior dos frutos para proceder a oviposição (colocar seus ovos no interior das larvas). Do ovo colocado pelo parasitoide, irá eclodir outra larva, que se alimentará das vísceras e do conteúdo do hospedeiro, até o momento em que ela se transformará em pupa, no interior do pupário da mosca-da-fruta. Após alguns dias, ocorrerá a emergência da vespa, evitando assim a perpetuação da mosca-da-fruta.

A investigação

Inicialmente, os cientistas recolheram informações básicas da biologia e ecologia da praga e, em especial, do parasitóide Doryctobracon areolatus. A segunda etapa procurou estabelecer uma técnica de criação tanto para o hospedeiro (a mosca-da-fruta), quanto para o parasitóide. “A ideia é aprimorar as técnicas de criação para serem mais baratas e darem menos mão de obra. Já que ela representa cerca de 50% do custo de produção nas criações”, observa Nava. As técnicas foram desenvolvidas e já estão disponíveis para produtores.

Também foram estudadas etapas relacionadas à seletividade de inseticidas ao parasitoide, comportamento de busca e parasitismo, entre outras. Todas essas fases são importantes para avaliar o possível uso da vespa em programas de controle biológico. “O que se busca é a resposta para a pergunta: qual é a taxa de parasitismo (controle) em condições de campo? O seu uso é viável?”, indaga Nava.

O cientista ressalta que o controle biológico não é uma opção única contra a mosca-da-fruta. Ele deve ser utilizado com outros métodos de controle dentro da filosofia da gestão Integrada de pragas.


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