publicado a: 2018-04-05

Míldio da batateira

Sintomas do míldio da batateira | Foto: Gilberto Lopes

O míldio da batateira é uma doença que ataca todos os órgãos da planta (parte aérea e tubérculos), sendo a principal doença da batateira podendo, em condições favoráveis destruir, por completo toda a cultura.

É causada pelo fungo Phytophthora infestans e pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento vegetativo da cultura, podendo afectar severamente, folhas, caules e tubérculos.

A rápida disseminação e o elevado potencial destrutivo caracterizam o míldio como a mais importante e agressiva doença desta cultura. A doença aparece na parcela por focos isolados antes de se generalizar.

Caso não seja combatida de forma preventiva, a doença propaga-se rapidamente a todas as folhas, pecíolos, caules e tubérculos, acabando a planta por morrer em poucos dias.

O fungo tende a aparecer a partir de material infectado que ficou no campo ou através da batata de semente.

Os primeiros sintomas aparecem depois da emergência da batata, as primeiras folhas são infectadas pelo fungo, sempre que as condições sejam favoráveis ao seu desenvolvimento, produzindo-se as

infecções primarias que se não controladas têm uma rápida propagação para o resto das plantas.

Os primeiros sintomas caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas manchas nas folhas (áreas húmidas) inicialmente esverdeadas passando depois a acastanhadas, com um aspecto oleoso, nem sempre de forma regular. Em condições favoráveis estas manchas progridem rapidamente, dando origem a grandes áreas mortas (necrosadas), envolvidas por um halo verde-claro ou amarelado. Na página inferior da folha e em redor da mancha, quando a humidade é elevada, forma-se um enfeltrado branco acinzentado / aveludado, constituído pelos órgãos de frutificação do fungo (conidióforos). Sempre que temos um ataque intenso, as plantas severamente afectadas emitem um odor característico, devido à rápida decomposição dos tecidos.

Os sintomas ao nível do caule e pecíolos traduzem-se no aparecimento de manchas castanho-escuro a negro, geralmente situadas entre o terço médio e a parte superior da planta, apresentando uma consistência vítrea. Em ataques mais severos, quando atingem todo o diâmetro do caule, tornam-se quebradiços com o vento, passagem de máquinas ou pessoas.

Os tubérculos afectados apresentam áreas irregulares mais ou menos confluentes, ligeiramente achatadas de cor acastanhada, acinzentada ou violácea. O interior dos tubérculos geralmente apresenta uma podridão granular de cor acastanhada que progridem de maneira difusa da superfície para o interior.

A temperatura e a humidade exercem um papel fundamental no desenvolvimento da míldio, especialmente durante a fase de contaminação: Humidade relativa acima de 90% e temperatura média acima de 16°C favorecem a disseminação da doença. temperaturas superior as 27-30°C normalmente ajudam a parar o desenvolvimento da doença.

Os ataques tardios de míldio podem resultar numa alta taxa de contaminação dos tubérculos, com prejuízos significativos na conservação, levando a custos adicionais de triagem e dificuldade de comercialização e armazenamento.

No que diz respeito às formas de luta, podem ser de vários tipos: agronómicas (por ex. evitar adubações azotadas excessivas); culturais (épocas de sementeira, escolha de campos); genéticas (variedades resistentes); e químicas, não esquecendo o equipamento de aplicação em bom estado e bem calibrado

A luta química deve ser realizada em conjugação com as outras práticas, afim de conseguirmos melhores resultados. Sempre que se recorrer à luta química, esta deve ser feita de forma preventiva, uma vez que a doença esteja instalada no campo dificilmente a conseguimos parar.

Proceder a tratamentos fitossanitários, preventivos, sempre que se verifiquem condições de H.R. elevada (ex. nevoeiro, chuva) e as temperaturas apresentem os seguintes valores: Nocturnas – 13ºC

e Diurnas – 10 a 25ºC. O fungo é mais facilmente destruído por condições de secura persistente e temperaturas superiores a 30ºC.

Existem no mercado várias soluções fungicidas para o combate desta doença, desde os produtos de contacto, contacto + penetrantes, sistémicos + contacto e penetrantes. A sua rotação é de extrema importância no que diz respeito à gestão de resistência (não basta alternar nomes comercias, mas sim grupos químicos)

A sua escolha deve ter em consideração o estado de desenvolvimento da planta e a presença ou não do fungo. Dar preferência à utilização de produtos sistémicos na fase de crescimento activo da cultura. Sempre que tenha presente míldio no "batatal" não utilizar produtos sistémicos, utilizar preferencialmente produtos penetrantes com acção curativa e efeito stop.

Gilberto Lopes

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