publicado a: 2021-11-23

Proteger a vinha das doenças do lenho

A poda é uma operação fundamental na gestão da cultura da vinha. Quando bem executada, a poda promove boa orientação na ocupação do espaço, a preservação do vigor e longevidade das cepas, e contribui para uma produção regular e de qualidade.

A estes objetivos, devemos acrescentar mais um: a poda é uma atividade crucial para a proteção da vinha contra os fungos responsáveis pelas doenças do lenho (DL).

A proteção da vinha contra estas doenças deve fazer-se em duas frentes de ataque.

A primeira visa proteger as plantas sãs, através da implementação de medidas preventivas que devem ter início antes do aparecimento dos sintomas. Podar implica fazer cortes e as feridas de poda constituem a principal porta de entrada dos fungos do lenho. Por isso, durante a poda, é muito importante ter os seguintes cuidados:

  • Podar com tempo seco, sem vento e próximo do abrolhamento, sempre que possível. O vento e a precipitação contribuem para a libertação e dispersão dos esporos, pelo que deve evitar podar nestas condições;
  • Usar utensílios de poda em bom estado, para permitir cortes limpos, e desinfetar regularmente com álcool ou hipoclorito de sódio (lixívia) estes utensílios;
  • Evitar fazer cortes de grandes dimensões, especialmente em madeira com mais de 2 anos. Caso estes cortes sejam necessários, deve proteger de imediato estas feridas, pois são mais suscetíveis à contaminação pelos fungos do lenho;
  • Fazer a aplicação preventiva de fungicidas, por pincelagem ou pulverização, após a poda. As substâncias ativas homologadas para as doenças do lenho são o difenoconazol, piraclostrobina+boscalide e Trichoderma.

A segunda frente de ataque, visa gerir o inóculo potencial existente em vinhas onde as DL já estão presentes. Nestas parcelas é necessário pôr em prática as medidas acima descritas para proteção das cepas sãs, e é fundamental eliminar as fontes de inóculo (cepas mortas ou doentes) para impedir a disseminação dos fungos responsáveis por estas doenças.

Fig. 1 – Cepa morta com sintomas de doenças do lenho.

A marcação de todas as cepas mortas ou com sintomas deve fazer-se durante o ciclo vegetativo, por ser mais fácil a sua identificação. As cepas mortas devem ser arrancadas e a madeira com sintomas deve ser removida das cepas doentes. Todo o material infetado deve depois ser retirado da parcela e destruído para evitar a disseminação dos fungos.


Fig. 2 – Amontoado de madeira de poda deixada na parcela.

A inexistência de soluções curativas eficazes para o controlo das DL, faz com que estas medidas se tornem fundamentais para a proteção da vinha. Mas, continuamos a encontrar amontoados de cepas mortas junto às parcelas de vinha e a assistir ao aumento de incidência destas doenças, ano após ano.

É importante corrigir estes comportamentos e pôr em prática todas as medidas que permitam proteger as plantas sãs e evitar a disseminação destas doenças.

Iva Almeida

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