publicado a: 2019-04-29

INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Abril 2019

Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Abril 2019.

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Previsões Agrícolas

As previsões agrícolas, em 31 de março, apontam para uma diminuição na produtividade dos cereais face à campanha anterior, consequência da escassa precipitação ocorrida ao longo do mês. O desenvolvimento vegetativo foi diminuto, encontrando-se a maioria das searas na fase do espigamento. Prevêem-se reduções nos rendimentos unitários de 20% para o trigo duro e triticale, 15% para o trigo mole e aveia e de 5% para o centeio. Quanto à batata, apesar da falta de resposta do mercado nacional para algumas variedades de batata de semente, a plantação decorreu normalmente, estimando-se que a área plantada ronde os 22 mil hectares (+4% face a 2018).

Preços e índices de preços agrícolas

Em março de 2019, as variações mais significativas em módulo no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas na batata (+134,8%), hortícolas frescos (+9,7%), azeite a granel (-26,7%) e plantas e flores (-9,2%). Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se nos suínos (+8,3%), hortícolas frescos (-12,4%) e azeite a granel (-6,4%). Em dezembro de 2018, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) aumentou 1,5%. Idêntica tendência para o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) com uma variação positiva de 0,6%. Relativamente ao mês anterior, observaram-se reduções de 0,7% e de 0,1% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente e no índice de preços de bens e serviços de investimento, respetivamente.

Clima

O mês de março caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e seco. A temperatura média do ar (12,8ºC) registou um desvio de +0,9ºC face à normal (1971-2000) e a média das máximas (19,5ºC) foi a nona mais elevada desde 1931. Entre os dias 22 e 31 de março ocorreu uma onda de calor1 que abrangeu grande parte da região Norte, a região do Vale do Tejo e alguns locais do Alto Alentejo. Quanto à precipitação, o valor médio foi de 45,3mm, o que corresponde a cerca de ¾ da normal. No final do mês, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI2 , 83,2% do território continental encontrava-se em seca moderada, severa e extrema, o que representa, face ao final do mês de fevereiro, um aumento superior a 20 p.p.

Estas condições meteorológicas permitiram a realização, sem constrangimentos e em boas condições, dos trabalhos agrícolas normais para a época, nomeadamente a conclusão das podas nas vinhas e pomares, a aplicação de herbicidas e de produtos fitossanitários e a preparação do solo para a instalação das culturas de primavera/verão. No entanto, agravaram-se os sintomas de carências hídricas, em particular nas culturas instaladas em solos mais arenosos e com pouca capacidade de retenção de água.

Quanto às reservas hídricas no final de março, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal Continental3 encontrava-se nos 69% da capacidade total, o que corresponde a um aumento de 2 p.p. face ao final do mês anterior, mas mantendo-se ainda abaixo do valor médio de 76% (1990/91-2017/18). De notar que, até à data, não há registo de limitações de disponibilidade de água para rega ou para abeberamento dos animais.


Fraco desenvolvimento de matéria verde nas áreas forrageiras

As condições meteorológicas ocorridas ao longo do mês afetaram, de forma significativa, o desenvolvimento vegetativo das pastagens e das culturas forrageiras. As elevadas temperaturas, conjugadas com a reduzida percentagem de humidade do solo, conduziram a um adiantamento dos ciclos vegetativos, parando o desenvolvimento de matéria verde e induzindo a floração. Regista-se, assim, uma menor disponibilidade alimentar nas pastagens, que tem conduzido ao suplemento dos efetivos em regime extensivo com alimentos conservados em quantidades superiores ao habitual. Perspetiva-se ainda uma redução das produções forrageiras para conservação (fenos, silagens e fenosilagens), com impacto futuro na alimentação dos efetivos nos períodos de ausência de massa verde nas pastagens.

Área de cevada alinha tendência de redução com as restantes superfícies de cereais de outono-inverno

As sementeiras dos cereais de inverno terminaram em fevereiro, sendo que na cevada, tal como nos restantes cereais praganosos, também se verificou um decréscimo da área instalada (-5%, face a 2018).


Plantação de batata decorre com normalidade

Apesar dos relatos da existência de dificuldades na obtenção, no mercado nacional, de batata de semente de algumas variedades, e da consequente necessidade de recorrer a batata de semente proveniente de Espanha ou a batatas de segundo ano, as plantações estão a decorrer com normalidade. As mais precoces emergiram bem e apresentam, na generalidade, povoamentos homogéneos e bom desenvolvimento vegetativo, sem sintomas de problemas sanitários. Globalmente prevê-se um aumento da área plantada (+4%), exclusivamente devido ao aumento da área de batata de regadio.

Escassa precipitação prejudica produtividade dos cereais

A germinação, emergência e desenvolvimento inicial dos cereais de outono-inverno decorreu bem. No entanto, a falta de precipitação em março foi prejudicial para o desenvolvimento vegetativo das plantas, quer pelo agravamento do défice hídrico (com sintomas evidentes de stress nas plantas), quer pela menor eficácia das adubações de cobertura (os baixos teores de humidade do solo não permitiram o normal aporte nutricional). As searas encontram-se muito rasteiras e estão em fase de espigamento. Prevêem-se diminuições generalizadas nos rendimentos unitários dos cereais, face à campanha anterior, de 20% no trigo duro e triticale, 15% no trigo mole e aveia e de 5% no centeio.


Índice de preços de produtos agrícolas no produtor


Em março de 2019 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor da batata (+134,8%), hortícolas frescos (+9,7%) e frutos (+1,9%); em comparação com o mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços do azeite a granel (-26,7%), plantas e flores (-9,2%). Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços da batata (+5,0%), frutos (+3,5%) e uma diminuição no índice de preços dos hortícolas frescos (-12,4%), azeite a granel (-6,4%), plantas e flores (-4,0%).


Índice de preços dos meios de produção na agricultura


Em dezembro de 2018 assistiu-se a um aumento de 1,5% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, causado, principalmente, pela evolução do índice de preços das sementes (+17,9%) e dos adubos e corretivos (+6,6%); em comparação com o mês anterior verificou-se uma variação negativa de 0,7% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, devida, sobretudo, à redução do índice de preços da energia e lubrificantes (-5,6%). No índice de preços dos bens e serviços de investimento registou-se uma variação positiva de 0,6%, devido, principalmente, ao acréscimo do índice de preços dos tratores (+1,0%); em relação ao mês anterior registou-se uma variação de -0,1%.







1 Considera-se que ocorre uma onda de calor quando, num intervalo de pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência.

2 O índice PDSI (Palmer Drought Severity Index) baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Informação constante em IPMA - Boletim Climatológico, março 2019, in http://www. ipma.pt/resources.www/docs/im.publicacoes/edicoes.online/20190405/saMYFmcUPUznWiuvikDo/cli_20190301_20190331_pcl_mm_ co_pt.pdf, consultado em 11 de abril de 2019.

3 Informação constante do Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental - Situação das Albufeiras em março de 2019, in http://snirh.apambiente.pt/index.php?idMain=1&idItem=1.3, consultado em 11 de abril de 2019.

4 Teor de humidade do solo abaixo do qual as plantas são incapazes de extrair água.

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