publicado a: 2017-01-11

Novas tendências em tecnologia agrícola

A evolução da agricultura na última década tem sido vertiginosa. Este rápido desenvolvimento tem levado a muitas novas tecnologias nos campos. E como tudo que é novo pode causar algum receio, neste artigo vamos resumir as 11 tecnologias emergentes que vão atingir áreas rurais em força, no curto prazo.

Estas tecnologias, como prevêem os especialistas, ajudarão a alcançar maior produtividade agrícola para alimentar toda a população humana, enquanto o ambiente é preservado para as gerações futuras.

Comecemos então a visualizar a agricultura e pecuária do futuro


1 – Sensores, Big Data e Software de Gestão

Depois do ceticismo inicial que estas novas tecnologias enfrentaram, passaram a usar-se diariamente, e cada vez por mais agricultores, que puderam ver os benefícios de se adiantarem a potenciais problemas futuros que podem surgir nas suas explorações, assim como na economia de insumos envolvidos na sua utilização diária.

Senhores/as, a agricultura baseada em dados já está aqui e, num futuro próximo, só podemos esperar que continue a evoluir e melhorar a gestão das explorações agropecuárias.


2 - Robótica

A robótica na agricultura, ou melhor, pecuária, também já leva anos a tornar a vida mais fácil para os produtores de leite. O primeiro robô que apareceu no setor agrícola foram robots de ordenha automática.

A partir daqui, o desejo das empresas para tornar as tarefas diárias dos agricultores mais fáceis e apoiar o seu trabalho com as novas ferramentas, levou à integração de drones que permitem, desde o diagnóstico de doenças, ao controlo extensivo de gado, de forma rápida e sem sair do sítio.

Certamente os auxiliares dos agricultores do futuro serão metálicos e com um coração de microchips.


3 - Tratores Autónomos

Estamos diante de um marco que nos aproxima de uma "agricultura sem agricultores".

O progresso automotivo, que temos muitas vezes visto em filmes de ficção científica, e até cativou o Google, chegou aos tratores: autonomia total de máquinas agrícolas. Esta nova tecnologia permite ao agricultor / técnico controlar o trator através de um PC ou tablet, com gestos simples, agendamento de tarefas e deixando-o a fazer, enquanto o agricultor se pode dedicar a outras tarefas na exploração.


4 - Biotecnologia e Big Data Biológico

Uma questão controversa que tem enfrentado lobbies poderosos: agricultores e empresas ecológicas e cientistas pró-transgénicos.

Sem dúvida, é um tema que vai continuar a dar que falar. No entanto, é uma tecnologia que cada vez mais está a ser introduzida no setor agropecuário e especialmente, com outra tecnologia tratada no ponto 1: Big Data.

Surge assim o Big Data em Biologia que permite fazer descobertas genéticas e moleculares em espécies vegetais e animais a uma velocidade nunca antes conhecida. Isso fará com que (como já acontece) se descubram os genes diretamente envolvidos em processos biológicos específicos de plantas e animais, que permitirão aumentar as suas resistências, melhoramento de produtividade em campo, entre outros.

Em paralelo, foram desenvolvidas técnicas que permitem a remoção ou adição de genes específicos de forma rápida, barata e de uma forma menos intrusiva do que as modificações genéticas tradicionais.


5 - Economia compartilhada

O fenómeno UBER chegou à maquinaria agrícola. Muitas plataformas estão a surgir, permitindo aos agricultores alugar máquinas a outros agricultores, por horas, dias ou semanas, quando eles não as estão a usar.

Uma ideia simples que permite a ambas as partes saírem beneficiadas: uns, porque eles tiram o rendimento da sua máquina parada, e outros porque não têm que fazer um investimento tão grande quando estão a iniciar no mundo agrícola, por exemplo.


6 - Quintas verticais para as “Smart City” do futuro

As cidades têm passado do cinza do betão ao verde, com o boom das hortas e jardins urbanos. E nos últimos anos, empresas como a Fujitsu, Toshiba e Panasonic apostaram em transformar fábricas em desuso em autênticas fábricas de vegetais.

Essas quintas verticais, hiper-robotizadas e ultra-produtivas começaram a produzir alface em 2016. Quintas, que se caracterizam por: baixa mão-de-obra humana, controlo absoluto de todos os parâmetros das culturas, máxima segurança alimentar, alta tecnologia e produtividade incrível (os seus criadores dizem que até 100 vezes mais). E se isso não fosse suficiente, a promoção do consumo local, já que se encontram dentro das cidades.

Sem dúvida, nos próximos anos veremos estes projetos proliferar como cogumelos em cidades ao redor do mundo. Agora, será que estes legumes têm o mesmo sabor que os produzidos no campo? Somente o tempo o dirá.


7 - Agricultura e Pecuária Celular

Este conceito começou a surgir em força quando o cientista alemão Mark Post criou,em 2013, o primeiro hambúrguer "in vitro". A partir daqui, surgiram inúmeras startups que se lançaram a investigar como produzir carne e produtos lácteos, sem recorrer à pecuária.

A agricultura e pecuária celular chama a atenção dos investidores em todo o mundo, que investiram em empresas com nomes tão característicos como Impossible Foods o Cultured Meat, que estão a desenvolver carne em laboratorio, com publicidade tão esmagadora como esta:



8 - Tecnologia Satélite

O GPS está mais do que visto, é verdade. No entanto, a tecnologia de satélite pode contribuir muito mais em outros segmentos fora da agricultura de precisão.

A Agência Espacial Europeia, em colaboração com a Universidade de Salamanca, está a desenvolver a tecnologia por satélite para monitorizar a seca agrícola e prever colheitas.

Do outro lado do Atlântico, uma startup chamada TellusLabs combina imagens da NASA com o conhecimento aglutinada ao longo dos anos pela USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, para fornecer uma melhoria de até 69% sobre as previsões de colheita naquele país.

E se o combinarmos com dados financeiros? Existe uma aplicação que já está a ser testada e vai permitir melhores tomadas de decisão em toda a cadeia de valor.


9 - Inputs e Agricultura Mais Natural

É bom ser mais produtivo e criar comida para alimentar todas as bocas do mundo. No entanto os consumidores nos países desenvolvidos começaram a tomar consciência ambiental e também a pedir algo mais aos agricultores: produtos mais naturais e sustentáveis.

Esta tendência reflete-se ao nível da exploração numa substituição completa de fertilizantes de base química por fertilizantes de origem mais "natural" (embora, no final, ambos sejam química pura e dura). Surgem cada vez mais empresas que desenvolvem soluções naturais para controle de pragas, recorrendo a substâncias presentes na natureza, ou controle biológico.

Portanto, esta tendência de exigir inputs mais "naturais" seguirá o seu ritmo crescente, pelo menos nos países desenvolvidos, onde a oferta de alimentos não é um problema (sendo o verdadeiro problema o desperdício de alimentos).


10 - E-commerce Agroalimentar

Em Espanha, começou com o comércio eletrónico de laranjas, tendo havido um boom de sites que vendiam as produções dos produtores diretamente e sem intermediários, ao consumidor.

Após esse boom inicial, o comércio eletrónico congelou e os grandes distribuidores estabeleceram os seus sistemas de comércio web, mas sem o evoluir muito, já que os consumidores preferem ir à a loja e ver o produto.

E de repente chegou AmazonFresh para a Europa, com as suas entregas de produtos frescos em horas, coisa que não ofereciam as cadeias de distribuição (Mercadona, Alcampo, Hipercor, ...).

Ok. Pode acontecer que em vez de maçãs lhe cheguem peras, ou em vez de lombo de porco, o embalador lhe mande peitos de frango. Talvez o sistema necessite de alguns ajustes. O que é certo é que o e-commerce de alimentos está a ser implementado nas nossas vidas diárias. Vidas ocupadas que têm cada vez menos tempo para ir ao supermercado fazer as compras diárias.


11 - Rastreabilidade

Finalmente chegamos a outro ponto de importância vital: a rastreabilidade. Atuais e futuros consumidores querem saber tudo sobre os alimentos que consomem: quem produziu, como foi produzido, onde foi produzido, etc.

O consumidor começa a ter, além de consciência "sustentável”, consciência "local". E toda essa informação que procura só pode ser dada através da rastreabilidade adequada. Portanto, cada vez mais se avança em tecnologias que garantam a rastreabilidade dos produtos.

Como pode revolucionar esta cadeia de valor? Fácil, se a transferência de informação é executada diretamente, sem intermediários, elimina-se o fator "telefone avariado” em cadeias de comércio muito grandes (tais como produtos alimentares), dando uma maior transparência ao todo.


Como pode ver, o futuro da agricultura é muito tecnológico. Haverá vozes a favor e vozes contra, mas sem dúvida a tecnologia aqui apontada está a chegar, quer queiramos ou não.


Fonte: Agriculturers

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