publicado a: 2016-07-05

Uma história da aprovação de OGMs no mundo. Onde estamos agora.

Hoje voltamos ao tão debatido uso de organismos geneticamente modificados em agricultura. Mas afinal o que sabemos deste tema? Quão generalizado é o uso destes organismos?

Percorrendo a história destas culturas desde 1992, podemos ficar com uma ideia mais clara. Até 2014, 56 países aprovaram culturas geneticamente modificadas. Praticamente metade são países em vias de desenvolvimento.

No entanto, os líderes na aprovação e uso destas culturas são sem grande espanto, os Estados Unidos, com 156 variedades aprovadas até 2014, o Canadá, com 123 e o Japão, com 120. Muito mais atrás em número de aprovações vêm as potências agrícolas Brasil, Argentina, Austrália e África do Sul. A União Europeia, cuja aprovação ocorre em bloco para os 28 países, aparece em 15º lugar, com 7 variedades aprovadas.

A primeira aprovação de OGM data de 1992, com o tomate “Flavr Savr” nos Estados Unidos. Na primeira década dos OGM, a aprovação destas variedades ocorreu nos países que hoje já são os mais tradicionais produtores. A partir de 2004, ocorreu a adesão da maior parte dos países. No entanto, nem todos os países que autorizam estas culturas na sua legislação são produtores. Por exemplo, no Japão, apesar das 120 cultivares aprovadas, pelo menos até 2014 não existiam agricultores a cultivar OGMs. Na realidade, este tipo de aprovação destina-se mais a facilitar a importação de produtos agrícolas de países produtores de OGMs.

No presente existem 26 espécies agrícolas com variedades geneticamente modificadas aprovadas, entre elas incluem-se três espécies ornamentais: cravos, rosas e petúnias. Das restantes 23 espécies, aquela que tem maior número de aprovações de cultivo é de longe o milho - o qual tem cerca de 30% da área mundial já em modo OGM - seguida do algodão, batata, cultivares de canola e soja.

A maioria das cultivares autorizadas destinam-se à alimentação animal, ou produção de fibras ou de óleos. As áreas para consumo humano são ainda reduzidas, tal como o número de variedades existentes. Destas destaca-se o cultivo nos Estados Unidos, Canadá e China de variedades de melão, papaia, ameixas, batatas, arroz, abóbora, beterraba sacarina e tomate, de uma cultivar de milho branco na África do Sul e de beringela no Bangladesh.

A maioria das culturas modificadas são resistentes a herbicidas (glifosato, glufosinato, 2-4D, ou dicamba) ou a pragas (como é o caso das cultivares Bt). Mas as técnicas de modificação genética também têm sido usadas para desenvolver variedades com características interessantes e benéficas para o consumo humano, como é o caso de tabaco com menor conteúdo em nicotina, batata com redução de produção de acrilamida (um composto cancerígeno derivado do amido de se forma a altas temperaturas). Existem ainda cultivares com resistência a vírus, como no caso do tomate, papaia ou abóbora, entre outros. Mais recentes são os avanços na produção de variedades resistentes a stress hídrico ou com maior eficiência fotossintética.

Apesar da corrente tendência para maior uso destas culturas, existem ainda muitas dúvidas e mitos por esclarecer. Talvez a primeira se prenda com o tipo de alterações a que estas variedades são sujeitas. Se nalguns casos estamos perante transgénicos como no caso das variedades Bt, onde é inserido um gene da bactéria entomopatogénica Bacillus thuringiensis, noutros casos apenas se está a acelerar o curso do melhoramento vegetal tradicional, selecionando as características de interesse de forma mais rápida e mais estável ao longo das gerações.

De facto, tantas vezes têm surgido polémicas sobre a autorização do cultivo de OGMs na Europa, esquecendo-se que em última análise a decisão de usar está nas mãos dos agricultores, geralmente mais esclarecidos e capacitados para tomar estas decisões que a população em geral.

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Fonte: Núcleo agri

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