publicado a: 2015-07-17

A cultura do lúpulo em Portugal: passado, presente e futuro

A produção de lúpulo tem distribuição generalizada em todo o mundo, sendo a principal utilização a indústria cervejeira. A Europa é, contudo, o continente de produção mais significativa.


O lúpulo (Humulus lupulus L.) é uma planta vivaz de caule volúvel da família Cannabaceae. Trata-se de uma espécie dioica, existindo plantas masculinas e plantas femininas. A lupulina, designação genérica para os grânulos que contêm os ácidos usados na indústria cervejeira, encontra-se nas inflorescências femininas, que são amentilhos, compostos por uma ráquis central e brácteas e bractéolas que protegem a flor. Os grânulos de lupulina encontram-se na base das bractéolas. Os frutos são aquénios que nas plantações comerciais não devem aparecer pois cultivam-se apenas plantas femininas. A idade económica do lúpulo pode ultrapassar 20 anos.

A produção de lúpulo tem distribuição generalizada em todo o mundo, sendo a principal utilização a indústria cervejeira. A Europa é, contudo, o Continente de produção mais significativa com 39,8% da produção mundial Por país, Alemanha e Estados Unidos lideram a produção mundial com mais de 27 000 t, seguidos de Etiópia (21 600 t) e China (11 300 t), sendo estes países os maiores produtores do Continente que representam.


História e evolução da cultura em Portugal

A cultura do lúpulo foi introduzida com sucesso em Portugal na década de 1960. Em 1963 foi criada a Lupulex (Sociedade Portuguesa de Cultura de Lúpulo) com capitais da indústria cervejeira, que escoava a produção de lúpulo nacional.

Após ensaios de adaptação da cultura genericamente pelo continente e ilhas, decretou-se em 1966 (Decreto-Lei 47011, de 16 de Maio), que apenas os distritos de Braga e Bragança reuniam as condições ecológicas necessárias para produzir lúpulo de qualidade.

A instalação da cultura foi rápida e dominada por grande euforia em função dos bons resultados atingidos. Na década de 1970 ultrapassaram-se 200 ha de área plantada e a produção chegou a satisfazer integralmente as necessidades de lúpulo da indústria cervejeira nacional. Foram os anos dourados da cultura.

O final da década de 1970 e a década de 1980 foram marcados por problemas diversos. Surgiram quebras de produção, por vezes associadas a maus anos agrícolas, mas também devido a problemas sanitários (morte de plantas), problemas nutricionais e compactação do solo. Paralelamente ocorreu estagnação de preços, enquanto os fatores de produção aumentaram continuamente. O problema foi particularmente agravado por se tratar de uma espécie com uma técnica cultural muito onerosa.

Em 1990 acabou a Lupulex e as cervejeiras nacionais deixaram de assegurar o escoamento da produção. Nesta data, também a variedade instalada (Brewers Gold) não assegurava a qualidade desejada pela indústria.

Em 1991 foi criada a Bralúpulo, Associação de Produtores de Lúpulo de Braga e Bragança, que tenta manter a cultura. Segue-se a substituição da variedade Brewers Gold pela Nugget, a última com maior concentração em ácidos e de maior aceitação pela indústria.

Atualmente existem apenas dois produtores de lúpulo em Portugal, ambos localizados na região de Bragança, que em conjunto cultivam uma área aproximada de 12 ha.


Fonte: Revista Voz do Campo

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