publicado a: 2018-11-04

Alterações climáticas em discussão pública até novembro

Em diversos estudos, o Sul da Europa e a Península Ibérica são destacados como das regiões da Europa potencialmente mais afetadas pelas alterações climáticas. Estão, portanto, expostos a enfrentar uma variedade de impactos potenciais, como aumentos na frequência e intensidade de secas, inundações, cheias repentinas, ondas de calor, incêndios rurais, erosão e galgamentos costeiros.

O cenário consta do P-3AC - Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas, que o Governo colocou em discussão pública, através do portal ‘Participa’, até 28 de novembro. Em causa estão nove linhas de ação, financiadas em 371 milhões de euros até 2020, 191,3 milhões dos quais através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020).

De acordo com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (da sigla inglesa, IPCC), os cenários climáticos mais gravosos para Portugal preveem que “o aumento da temperatura pode chegar a +5°C em 2100 (aplicável a temperaturas mínimas, médias e máximas), particularmente durante o verão e no interior de Portugal”.

De acordo com o documento, “as temperaturas elevadas refletem-se no aumento de dias muito quentes (Tmax ≥ 35°C), especialmente no interior sul, no aumento do número de noites tropicais (Tmin ≥ 20°C) e em ondas de calor mais longas e frequentes, especialmente no interior nordeste”. Os aumentos de temperatura média “poderão variar entre 2°C a 3°C em Portugal”.

O aumento da temperatura e os períodos de seca prolongados deverão ser também responsáveis pelo aumento do número de incêndios rurais. O propósito principal do Roteiro de Neutralidade Carbónica 2050 é traçar metas para que se consiga “atingir a neutralidade carbónica da economia portuguesa em 2050”. Por outro lado, a seca poderá também acentuar os períodos de stress hídrico em plantas, particularmente em árvores florestais, tendo como consequência o aumento de pragas e doenças secundárias nestes ecossistemas refere o relatório.

Parte do território nacional, diz aquele documento, encontra-se já “ameaçado pela desertificação”, com a degradação dos solos em resultado da influência de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas, refere ainda o documento. Por outro lado, o litoral português é “particularmente vulnerável à erosão costeira e a galgamentos costeiros, com efeitos muito significativos e gravosos”, devido à subida do nível das águas do mar.

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