publicado a: 2014-09-15

Alterações climáticas: espécies poderão perder área geográfica de forma significativa

As espécies animais e vegetais poderão perder entre duas e três vezes mais área de distribuição devido às alterações climáticas do que a previsão feita até agora, segundo um estudo liderado por investigadores científicos e publicado na revista Ecology Letters. Este trabalho tem em conta a capacidade de adaptação às alterações ambientais das diferentes populações de uma mesma espécie, em vez de as encarar como blocos uniformes, como fazem os modelos atuais de previsão dos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade.

“As espécies animais e vegetais não funcionam como blocos uniformes mas são compostas por diferentes populações cujas características funcionais e sua plasticidade fenotípica varia”, explica o investigador do Conselho Superior de Investigadores Científicos Fernando Valladares, do departamento de Biogeografia e Alterações Climáticas do Museu Nacional de Ciências Naturais. Com este novo estudo, as previsões perante a mudança climática são mais pessimistas.

“Os cálculos sugerem que as espécies poderão perder entre duas e três vezes mais área de distribuição por via das alterações climáticas ao considerar tanto a variabilidade populacional como as barreiras geográficas e humanas”, acrescenta Valladares.

O científico explica que no estudo criaram-se 5 cenários em função da plasticidade fenotípica das populações à temperatura.

“Cada cenário corresponde a um grupo de espécies. Os grupos resultaram da análise a um amplo e variado número de plantas e animais e de classificar as diferenças populacionais da sua plasticidade fenotípica e a sua adaptação local às temperaturas”, explica Valladares. A incorporação desta informação para qualquer dos grupos deu lugar a áreas de distribuição futuras mais pessimistas do que as que resultam dos modelos usados até hoje, argumenta o investigador.

“Os resultados obtidos ao cruzar o modelo com os dados das populações do Pinus sylvestris, uma espécie de ampla distribuição no Paleártico, confirmara as previsões teóricas”, conclui Valladares.

Fonte: Agrotec

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