publicado a: 2018-11-07

Atingir a igualdade de géneros na agricultura ainda vai levar décadas

agricultor

A publicação do estudo coincidiu com a celebração do Dia Internacional das Mulheres Rurais e teve por objetivo destacar a importância das mulheres na agricultura e identificar as barreiras a uma participação plena e bem-sucedida. O estudo comporta os resultados de 4.160 inquiridas que vivem tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento nos cinco continentes.

Seja em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, as mulheres que trabalham na agricultura em todo o mundo constatam que a discriminação de género é transversal, persistente e coloca obstáculos à sua capacidade de ajudar a fornecer alimentos à população mundial, de acordo com o estudo da CortevaTM Agriscience, a Divisão de Agricultura da DowDuPont TM.
“Realizou-se este estudo para entender melhor a atual situação das mulheres agricultoras em todo o mundo – desde as grandes explorações agrícolas em economias mais avançadas às pequenas propriedades de subsistência nos países em desenvolvimento – e para criar uma linha de base a partir da qual possamos medir o progresso”, afirma Krysta Harden, vice-presidente de Relações Externas e Responsável pela Sustentabilidade da CortevaTM Agriscience.

Alta perceção de discriminação por género na Península Ibérica
Os resultados do estudo revelam que, apesar de as mulheres se mostrarem unanimemente orgulhosas da sua participação na agricultura, sentem a discriminação de género em todos os lugares. Neste indicador, os países da Península Ibérica encontram-se equiparados à Índia, com 78% do total das inquiridas referindo a discriminação de género. O mais baixo valor é o dos Estados Unidos, com 52%.
Apenas metade das inquiridas afirma ter o mesmo sucesso que seus pares do sexo masculino, com 42% a considerar ter as mesmas oportunidades que os homens e 38% a sentirem-se com poder para tomar decisões sobre como investir na agricultura e pecuária.
Quase 40% das inquiridas afirmam ter rendimentos mais baixos que os homens e menos acesso a financiamento. No topo das suas preocupações surgem a estabilidade financeira, o bem-estar de suas famílias e alcançar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Segundo Raquel Cortesão, responsável de nutrição animal da CortevaTM Agriscience Ibéria, na Península Ibérica “existe um sentimento de incompreensão em torno da conciliação e das necessidades familiares no ambiente de trabalho, uma vez que apenas 22% das inquiridas afirmam estar satisfeitas neste aspeto face aos 33 por cento médios. Além do mais, um terço das inquiridas consideram que o seu salário é insuficiente, o que também nos coloca no topo da tabela”.
“Uma das maiores dificuldades sentidas é o tratamento que recebemos da parte de alguns clientes, vendo-nos como objetos e, independentemente da nossa capacidade e domínio técnicos, os comentários ultrapassam em muito esse fator” refere ainda Raquel Cortesão “e impor esse respeito leva bastante tempo numa visita, por vezes bastantes meses, ou anos, até conseguirmos gerir essas intervenções”.
Muitas mulheres afirmam que necessitam de mais formação para tirar partido da tecnologia agrícola, que se tornou essencial para o sucesso económico e gestão do meio ambiente. Este desejo de maior formação surge como o fator mais referido entre as respostas quando se trata de eliminar os obstáculos perante a diferenciação de género. Os números excedem significativamente os 50 por cento nos 17 países do estudo, com Brasil, Nigéria, Quénia, México e África do Sul à cabeça.

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