publicado a: 2017-10-26

Castanhas «não têm qualidade» e cerca de um terço está podre

As castanhas este ano "não têm qualidade" devido à seca que se faz sentir e, em média, cerca de "seis em cada vinte quilos" estão secos e podres, afirmou hoje à Lusa a vendedora de castanhas Jéssica Monteiro.

"Numa saca de 20 quilos, há seis quilos podres [cerca de um terço], em média", disse Jéssica Monteiro, que vende castanhas na Baixa de Lisboa, à Lusa.

De acordo com a vendedora, "não há quase lucro nenhum", porque muitas castanhas não são aproveitadas.

"Este ano a castanha tem menos qualidade porque não apanhou humidade", explicou.

O preço do quilo das castanhas está mais caro, mas alguns vendedores não conseguem aumentar os seus preços para os consumidores, por isso, este será um ano "complicado", referiu Jéssica Monteiro.

"Não vai ser um ano fácil para a castanha", disse a vendedora do fruto seco Maria Teixeira, também na Baixa Pombalina, reforçando que este ano teve de aumentar o preço da dúzia das castanhas, de dois euros para dois euros e meio.

No Terreiro do Paço, mãe e filha, Teresa e Sofia Teixeira, são vendedoras de castanhas e mencionaram que, "com este clima, as pessoas nem querem castanhas".

Este é "dos piores anos da castanha", respondiam enquanto trabalhavam.

Na promoção, em Lisboa, da castanha de Sernancelhe e da festa da castanha naquela cidade, o vereador da Cultura daquele município, Armando Mateus, disse à Lusa que a seca "trouxe muitos problemas" e houve um "decréscimo" do fruto de 50 a 60%.

Segundo o autarca, alguns produtores tiveram uma quebra de produção na ordem dos 80%.

Na apresentação, em Lisboa, da festa da castanha Armando Manuel explicou que o castanheiro entrou em "fase de saturação" e isso fez com que a produção do fruto fosse "muito baixa".

Além disso, a qualidade do fruto baixou devido à falta de chuva e a um parasitóide que a castanha tem, que se "desenvolve muito mais depressa nos anos de muita seca", esclareceu o vereador.

"Este ano, além da baixa quantidade temos também alguns problemas com a sua qualidade", reforçou.

Opinião contrária tem o confrade da confraria da castanha Paulo Neto, para quem a castanha de Sernancelhe chega este ano "com muita qualidade aos consumidores".

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