publicado a: 2019-03-04

Incêndios de 2017 aumentaram a propagação de espécies invasoras

Após os incêndios, sobretudo de outubro de 2017 muitas sementes das acácias australianas, vulgarmente conhecidas como mimosas, que estavam no solo “germinaram formando povoamentos de alta densidade, as quais devido também ao seu rápido crescimento, não permitem o desenvolvimento de outras espécies da nossa floresta, comprometendo assim a produção florestal”, refere a Quercus em comunicado.

Um dos riscos associados à invasão por acácias australianas, segundo a Associação, “é o aumento da frequência e intensidade dos incêndios, visto que estas espécies produzem uma grande quantidade de material combustível, altamente inflamável, que se acumula no solo da floresta”.

As consequências das mimosas nas florestas nativas vão além dos incêndios, já que esta espécie “aniquila as espécies autóctones, altera a fertilidade do solo e reduz a disponibilidade de água para outras plantas”, lê-se no comunicado.

Os nossos carvalhais em áreas afetadas, estão a dar lugar a uma paisagem monótona, dominada pelas mimosas, com a consequente perda de biodiversidade quer ao nível florístico como ao nível faunístico.

As acácias são uma séria ameaça para o espaço florestal, as áreas protegidas, matas e perímetros florestais no Norte e Centro do País.

É agora uma espécie dominante na paisagem de muitas serranias do distrito de Coimbra e Viseu, sobretudo nas áreas ardidas de 2017, mas também em áreas protegidas.

Esta espécie ocupa já mais de 1.000 hectares no Parque Nacional da Peneda-Gerês, mas esta área poderá ser bastante superior, uma vez que não há inventário atualizado das áreas infestadas. As espécies invasoras australianas, principalmente a Mimosa ou Acácia-mimosa (Acacia dealbata) e a Acácia-de-espigas (Acacia longifólia), ocupam dezenas de milhares de hectares em Portugal, impedindo o desenvolvimento da nossa floresta autóctone.

A Mimosa é uma das invasoras mais preocupantes em todo o mundo e especialmente em Portugal. A mimosa tanto ocorre em grandes manchas contínuas como em pequenos núcleos dispersos, e devido ao seu caracter invasor a área está sempre em expansão. Não há dados rigorosos mas a área ocupada por esta espécie em Portugal deve alcançar já cerca de 50 mil hectares.

Para evitar o agravamento da situação a Quercus apela para que o Estado aumente o investimento financeiro para controlar esta realidade, apoiando uma gestão responsável da floresta.

Para a Associação, a sensibilização da sociedade e nomeadamente dos proprietários florestais e autarquias é essencial, para tentar controlar esta praga que torna o território cada vez mais vulnerável aos incêndios florestais.

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