publicado a: 2018-01-29

Madeira integra comissão de combate à Vespa Velutina

Vespa velutina constitui uma séria ameaça à sustentabilidade da apicultura

Um representante do Governo Regional passou a integrar a Comissão de Acompanhamento para a Vigilância, Prevenção e Controlo da Vespa velutina (CVV), uma espécie nativa do sudeste asiático, predadora da abelha europeia, e que se encontra, por enquanto, aparentemente circunscrita a concelhos do norte e centro do País, de acordo com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A iniciativa partiu da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas (SRAP) que encetou contactos junto do Ministério da Agricultura no sentido de sensibilizar aquele organismo para a importância de haver uma representação insular na CVV. O Ministério foi sensível ao apelo e fez admitir naquela entidade um representante quer da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas do Governo da Região Autónoma da Madeira, bem como outro da homóloga dos Açores.

Entretanto, o representante da SRAP já participou na última reunião da CVV, sendo que na revisão ali proposta do Plano de Acção para a vigilância e controlo da vespa velutina passou a estar contemplado um novo objectivo que nos diz respeito: prevenir a entrada e erradicar novos focos em novas regiões do país, em particular nas regiões autónomas.

Esta decisão é de “extrema importância na defesa do mel madeirense que é conhecido pela sua qualidade superior” afirma o secretário regional Humberto Vasconcelos, adiantado que fazia do todo o sentido a presença da Região nesta comissão de acompanhamento.

A vespa velutina (Vespa velutina nigrithorax), também designada por “vespa das patas amarelas”, é uma espécie não indígena, predadora da abelha europeia (Apis mellifera). Este insecto, proveniente de regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia, do leste da China, da Indochina e do arquipélago da Indonésia, ocorre nas zonas montanhosas e mais frescas da sua área de distribuição. Foi introduzido involuntariamente na Europa em 2004, mais precisamente em França, tendo mais tarde a sua presença sido confirmada em Espanha em 2010, em Portugal e na Bélgica em 2011 e em Itália já em 2012.

A Vespa velutina constitui uma muito séria ameaça à sustentabilidade da apicultura em território nacional, com eventuais consequências directas na produção de mel e produtos relacionados, assim como na produção agrícola, por via da diminuição da polinização vegetal, atenta a importância das abelhas melíferas nesta relevante função biológica, como também para a própria saúde pública, devido à sua agressividade e picada dolorosa, com potencial de desencadear reacções alérgicas, tal como acontece com as de outras vespas e abelhas.

Invasão chegou já a 12 distritos

Pese embora em 2015 as autoridades nacionais competentes, tenham implementado um Plano de Acção para a vigilância e controlo deste insecto, em Portugal assistiu-se a uma progressão gradual da área afectada no território nacional, desde que os primeiros ninhos e avistamentos do insecto foram confirmados nos distritos de Braga e Viana do Castelo, verificando-se que actualmente a sua dispersão ocorre não só na região Norte, como para outros pontos do território, designadamente do Centro, sendo que a zona afectada se estende já por doze distritos.

Comissão para Vigilância e Controlo criada em Outubro

Esta situação muito preocupante levou o Ministério da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural a decidir reequacionar a estratégia a nível nacional, criando, em Outubro de 2017, a Comissão de Acompanhamento para a Vigilância, Prevenção e Controlo da Vespa velutina. Esta entidade tem como objectivo avaliar e rever o Plano de Acção em curso, e que, funcionando em articulação com este, proponha medidas de natureza operacional bem como de natureza legislativa, que permitam uma vigilância activa, medidas essas que sejam capazes de circunscrever a sua área de incidência, criando nomeadamente condições necessárias à implementação de acções de identificação e destruição dos ninhos.

Contudo, o despacho ministerial que criou esta Comissão não contemplou na sua composição a representação das entidades competentes das regiões autónomas da Madeira e dos Açores, lacuna que agora foi colmatada.

Sem registo na Madeira mas a ameaça é latente

Ainda que, felizmente, nunca tenha sido detectada a presença da vespa velutina no território regional, a mesma não deixa de constituir uma ameaça latente e permanente que exige adequada monitorização e acompanhamento, em perfeita articulação com a estratégia nacional de prevenção e controlo, tanto mais que esta adoptou uma abordagem integrada e multidisciplinar.

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