publicado a: 2019-03-25

Não corte já as ervas daninhas. As abelhas agradecem

Investigadores desaconselham o corte da vegetação espontânea que cresce nos relvados ou entre os muros da cidade porque assim se retiram recursos a insectos importantes para o equilíbrio dos ecossistemas.

Mal começa a Primavera, há uma tarefa que se repete por todo o lado: cortar ou atirar um químico qualquer para aniquilar as ervas daninhas e as flores selvagens que delas rebentam entre os passeios de casa ou as pedras e muros das cidades, ou florescem nos relvados citadinos. E se, com esta rotineira acção, estivéssemos a prejudicar insectos polinizadores como as abelhas? E se, com isso, nos estivéssemos também a prejudicar? Algumas das plantas favoritas destes insectos, que ajudam na reprodução da flora, são as mal-amadas ervas daninhas. É por isso que entomólogos (estudiosos dos insectos) desaconselham que se cortem estas plantas mal começam a florescer. Dessa forma, estão a retirar-se recursos a estes bichos tão importantes para o equilíbrio dos ecossistemas.

“É muito comum vermos uma zona relvada e nesta altura do ano começam a aparecer algumas flores espontaneamente e são imediatamente cortadas porque as pessoas querem ver um relvado e não um prado”, diz Carla Rego, investigadora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

No entanto, sustenta Carla Rego, é preciso não pensar nesta vegetação como ervas daninhas: “Eu não gosto do termo ervas daninhas. É vegetação espontânea e tem o seu papel a cumprir nos ecossistemas, mesmo num meio urbano”, sublinha.

Segundo a investigadora, que é também membro da Sociedade Portuguesa de Entomologia, “cerca de 80% dos alimentos de origem vegetal” que se ingerem dependem do processo de polinização. “As pessoas não têm consciência disso. Cada vez mais estamos a tirar recursos destes insectos que são bastante importantes para os ecossistemas”, nota.

O alerta ganha outra dimensão se se tiver em conta que o mundo atravessa “um momento de grande crise em termos de perda de biodiversidade de insectos, sobretudo também de polinizadores”, diz a investigadora.

Declínio dos insectos

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