publicado a: 2014-11-19

Orizicultores do Baixo Mondego exigem apoio para perdas de 50% na produção

Os orizicultores do Baixo Mondego, que este ano perderam metade da produção de arroz, exigem que o Governo crie medidas para minorar os prejuízos, que estimam em cerca de 13 milhões de euros.

Os produtores de arroz da região vão concentrar-se em Coimbra para exigirem que "o Governo, agora que terminaram as colheitas, faça um levantamento rigoroso dos prejuízos e adote medidas compensatórias" aos agricultores, cujas "produções de arroz foram atacadas pela piriculariose", disse hoje à agência Lusa Isménio Oliveira, coordenador da Associação Portuguesa de Orizicultores (APOR).

Reunidos em Alqueidão, Figueira da Foz, na segunda-feira, várias dezenas de orizicultores decidiram promover uma concentração de produtores de arroz do Baixo Mondego junto às instalações da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Centro, em Coimbra, na manhã de 03 de dezembro, para exigirem apoios, adiantou o dirigente da APOR.

Os orizicultores do Baixo Mondego entregaram, "no início de outubro", na DRAP do Centro, "uma exposição sobre os prejuízos provocados" por aquela doença na produção de arroz e a solicitarem que o Ministério [da Agricultura e do Mar] tomasse medidas de apoio aos agricultores", mas "até hoje não se obteve qualquer resposta", lamentou Isménio Oliveira.

Nessa altura, os produtores de arroz do Baixo Mondego apontavam para perdas na ordem dos 30%, mas após as colheitas concluíram que os prejuízos rondam os 50%, elevando os prejuízos para "cerca de 13 milhões de euros", sublinhou o coordenador da APOR.

A piriculariose (também conhecida por `queimadura do arroz`), cujos efeitos se têm feito sentir de forma mais acentuada nos últimos três anos, é uma doença que resulta essencialmente do excesso de humidade e da falta de luminosidade, fazendo com que o grão de arroz fique oco, explicou Isménio Oliveira, salientando que os tratamentos preventivos disponíveis "são muito caros".

A "verdadeira dimensão [da doença] manifestou-se aquando da realização da ceifa", frisou o dirigente associativo, adiantando que, no Baixo Mondego, as perdas variam entre os 30% e os 70%.

"Há explorações, sobretudo nos vales dos rios Arunca e Pranto" (área que possui cerca de quatro mil hectares de arroz, produzindo cerca de 24 mil toneladas), onde as perdas ultrapassam os 60%, enquanto a zona de Meãs e Carapinheira (Montemor-o-Velho) foi das menos penalizadas, referiu.

Existem explorações nas quais o rendimento obtido com a colheita "não cobre os custos com da ceifa", assegurou.

"A indústria do setor está a pagar [aos produtores] entre 26 e 29 cêntimos por quilo" e para "cobrir os prejuízos" (isto é, "o arroz que não se vende e os gastos feitos com as culturas") teria de pagar "cerca de 45 cêntimos" por quilograma, calcula Isménio Oliveira, recordando que os produtores têm vindo a reivindicar que o preço pago à produção suba para os 35 cêntimos por quilograma, admitindo, no entanto, que esse valor seja alcançado de "forma faseada".

Dos cerca de 27 mil hectares de terrenos ocupados, em Portugal, pela produção de arroz, sete mil hectares situam-se no Baixo Mondego, onde existem "cinco a seis mil orizicultores", genericamente com propriedades "pequenas e muito pequenas" -- os vales do Sado e do Sorraia abrangem cerca de 20 mil hectares e o Vouga pouco mais de 500 hectares.

Fonte: Lusa via RTP

Comentários