publicado a: 2021-03-22

Setor agrícola responsável por 75% da água utilizada em Portugal

O setor agrícola é responsável por 75% do total de água utilizada em Portugal, acima da média da União Europeia (24%) e mundial (69%), devido às culturas de regadio, segundo um estudo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Porém, esta percentagem está em linha com o que se verifica nos países mediterrâneos, como Espanha (79%) e Grécia (81%), o que acontece devido à existência de regadio.

Nestas culturas, a rega vai substituir a falta de chuva e compensar o calor verificado nas estações quentes.

Em 2016, a área agrícola regada no país “correspondia aproximadamente à região do Algarve”, o equivalente a 5% do território nacional.

Contudo, a “agricultura de sequeiro ainda define a maioria da superfície utilizada para a agricultura em Portugal”.

Segundo a mesma análise, 71% dos agricultores não tem contador de água, sendo este recurso, sobretudo, retirado a partir de furos, charcas, poços e outras estruturas (56%).

Segue-se ao acesso público (35%), através de barragens e outras infraestruturas de rega), e por coletivo privado (9%), ou seja, partilhado com outros agricultores ou sociedades.

As barragens públicas servem um terço da área regada, porém, “a barragem do Alqueva constituiu um grande contributo para a evolução do regadio nos últimos anos, correspondendo o Alentejo a cerca de metade da área regada do país”, indicou.

Por região, a zona abaixo do Tejo apresenta o nível máximo de risco “e é no Alentejo e no Algarve onde se registaram mais secas de maior dimensão e gravidade ao longo de todo o século XX”.

Já no que concerne à transição para uma agricultura mais sustentável ao nível da poupança de água, 65% dos agricultores referiram utilizar um sistema de rega gota-a-gota, mas só 3% dos inquiridos adotaram medidas mais avançadas para a gestão da água.

Dos que adotaram novas tecnologias, a grande maioria (85%) garantiu poupar água, “uma evidência que se torna ainda mais significativa para quem usa aspersores”.

No mesmo sentido, também 85% dos agricultores afirmaram gastar menor energia pela otimização da rega, enquanto 66% gastam menos fertilizantes e 77% ganham tempo utilizando o controlo pelo computador ou telemóvel.

“Mobilizar para uma mudança que tem uma forte componente tecnológica exige partilha de conhecimento e 86% dos agricultores concordam que hoje há mais partilha de informação do que há 10 anos”, notou.

Em Portugal, o número de explorações agrícolas passou de 416 mil em 1999 para 259 mil em 2016, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados no estudo.

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