publicado a: 2019-12-13

Como reduzir os níveis de ftalatos no vinho

Após diversos testes realizados em laboratório com o objetivo de reduzir ou mesmo eliminar as moléculas de ftalato e bisfenol A, potencialmente presentes no vinho, foram identificados alguns métodos que permitem obter bons resultados.

Os ftalatos são aditivos comumente utilizados na produção de materiais plásticos para torná-los flexíveis. O bisfenol A é o principal componente das resinas epóxi utilizadas no revestimento de depósitos, de cimento ou ferro para vinificação. Estes são compostos cuja presença não é desejável nos vinhos, uma vez que são classificados como substâncias tóxicas da categoria 1B por suspeita de desregulação do sistema endócrino.

As possíveis fontes de contaminação durante a fase de vinificação são muitas e variadas. O Institut Français de la Vigne et du Vin(IFV), em colaboração com diversas associações profissionais, criou um grupo de trabalho para estudar a presença de ftalatos e bisfenol A nos vinhos, avaliar o impacto de diferentes tratamentos enológicos e identificar a origem destas moléculas ao longo do itinerário de vinificação.

A investigação mostrou a presença frequente nos vinhos de dois ftalatos, ftalato de dibutilo (DBP) e ftalato de benzilbutilo (BBP) e bisfenol A (BPA). Depósitos revestidos com resina epóxi e tubagens são as duas principais fontes de contaminação identificadas.

O dimetilftalato (DMP) foi encontrado principalmente em vinhos estagiados durante diversos meses em depósitos de fibra de vidro. DBP é a molécula que se encontra com mais frequência, mas não é detetada inicialmente nos mostos. Portanto, é durante a fase de vinificação que pode ocorrer a contaminação. Os níveis são variáveis, mas geralmente estão abaixo do limite de migração específico (LMS) de 0,3 mg/kg.

Diversos sistemas de filtração, clarificação e outros produtos enológicos foram estudados em laboratório.

Em geral, foi observado que o DMP e o BPA são mais difíceis de eliminar, enquanto que o DBP pode ser eliminado de forma mais ou menos eficaz.

Os grânulos de copolímeros de estireno e divinilbenzeno permitem uma excelente eliminação de quase todos os ftalatos e BPA. A redução obtida é de pelo menos 60% e de aproximadamente 100% para o DBP.

Os carvões permitem uma eliminação de DBP de 80 a 95%.

As fibras vegetais têm uma elevada capacidade de absorção de DBP (> 60%), enquanto o impacto é menor em relação ao BPA e terc-butilfenol (redução média de 20%).

As paredes de leveduras permitem uma eliminação média do DBP. Por outro lado, o seu efeito em outros ftalatos e no BPA é muito limitado ou até inexistente.

Os demais produtos estudados (terras diatomáceas, celulose, manoproteínas, quitosano, gelatina, lisozima, albumina, bentonite, PVPP, caseína e proteína de ervilha) apresentaram efeitos parciais ou mesmo nenhum efeito na eliminação das moléculas alvo.

Em conclusão, foi demonstrado que alguns tratamentos podem eliminar significativamente o DBP, o principal ftalato dos vinhos. Os tratamentos mais eficazes foram os grânulos de copolímeros de estireno e divinilbenzeno, os dois tipos de carvão (descorante e descontaminante) e fibras vegetais seletivas.

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