publicado a: 2018-06-26

Políticas anti-transgénicos estão a matar africanos

Um estudo publicado na revista PLoS One indica que os anos de atraso na introdução de culturas geneticamente modificadas em África estão a causar mortes e prejuízos para os agricultores locais. Segundo o estudo, isso deve-se às restrições que a Europa impôs aos transgénicos, o que afeta diretamente a África por ser o seu principal importador desses produtos.

A legislação da União Europeia não proíbe que o continente compre produtos geneticamente modificados de outros países. No entanto, a rotulagem tem que ser bem específica e deve conter um aviso caso aquele alimento tenha mais de 0,9% de produtos transgénicos incluídos na sua fabricação.

Segundo o estudo, esse fator somado com a recusa dos governos e agricultores africanos em adotar esse tipo de cultura têm vindo a implicar na morte de muitas pessoas. Além disso, grande parte da África teria rejeitado uma ajuda alimentar oferecida pelos Estados Unidos por conter alimentos transgénicos.

"Se o Quénia tivesse adotado o milho [geneticamente modificado] em 2006, teoricamente, entre 440 e 4 mil vidas teriam sido salvas. Da mesma forma, o Uganda teve a possibilidade, em 2007, de introduzir a banana resistente à sigatoka negra (considerada a doença mais destrutiva da cultura da bananeira), que poderia ter economizado entre 500 e 5.500 vidas na última década”, diz o estudo.

Recentemente foi anunciado que um tipo de feijão-frade, resistente a doenças, estaria disponível para os agricultores em Benin, Níger e Nigéria este ano. Contudo, os autores do estudo, Justus Wesseler, Richard D. Smart, Jennifer Thomson e David Ziberman mostraram-se preocupados com a mobilização de ativistas contra a prática.

"Um atraso de um ano na aprovação, pode especialmente danificar a Nigéria, porque a desnutrição é generalizada lá ... [e] custou ao país cerca de 33 a 46 milhões de dólares e entre 100 e 3.000 vidas”, concluem os investigadores.

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