publicado a: 2014-09-08

Agricultores guardam abóboras à espera de melhor preço

Os agricultores da região Oeste, com 74% da produção nacional de abóboras, estão a armazená-las para serem vendidas de inverno e assim combaterem os atuais preços baixos resultantes da oferta.

“Ofereceram-me a quatro cêntimos o quilo e nos hipermercados é vendida a 60 cêntimos. Nem dá para o adubo. Há agricultores que não têm a noção daquilo que gastam e entregam o produto a qualquer preço e estão a dar cabo dos preços”, lamentou o produtor Adriano Lúcio.

À semelhança de Adriano Lúcio, também Carlos Malaquias optou por armazenar as abóboras para as escoar entre os meses de novembro e março, quando começam a escassear e têm saída para a exportação.

Com a despesa de embalar e carregar a partir do armazém, “se [as conseguir] vender na ordem dos 20 cêntimos já é um bom negócio”, admitiu.

A elevada oferta, que justifica os baixos preços e quebras estimadas de 20% nas vendas, acontece depois de 2013 ter sido um bom ano de colheita e de lucro, o que levou muitos agricultores a terem apostado na cultura, que aumentou em 20% a área de cultivo em apenas um ano.

De uma cultura secundária destinada à alimentação animal, tem vindo a conquistar os hábitos alimentares, ao ser usada sobretudo na confeção de doces e de sopas, e a ganhar valor de mercado. Sessenta por cento da produção é exportada para Inglaterra, França e Alemanha.

Adriano Lúcio, produtor há meia dúzia de anos, produz entre 300 e 400 toneladas numa área de 15 a 20 hectares.

“Produzo abóbora para fazer a rotação das culturas e também vejo que é uma das culturas mais rentáveis, desde que haja exportação”, explica o produtor.

Com 600 a 700 toneladas e 25 hectares, Carlos Malaquias é um dos maiores e mais antigos produtores. À medida que o produto vai tendo procura no mercado da exportação, tem vindo a aumentar a área de cultivo e a diversificar as espécies.

“Temos à volta de 15 hectares de abóboras manteiga, que são vendidas para Inglaterra. É o terceiro ano que estamos a apostar nessa variedade, aumentámos a área em 50% do ano passado para este ano em função das exigências do mercado”, refere o agricultor, para quem a abóbora já pesa 10 a 15% da sua faturação anual.

Por ser o concelho com a maior produção da região, a Lourinhã acolhe de 31 de outubro a 2 de novembro o I Festival da Abóbora, organizado pela União de Freguesias de Atalaia e Lourinhã.

No pavilhão multiusos da Atalaia, o evento vai ter “chefs’ a trabalhar ao vivo, mostra de doçaria e pratos gastronómicos confecionados a partir da abóbora, exposição de abóboras do “Halloween” pelas escolas e jornadas técnicas.

Na região Oeste, onde existe clima e solos propícios, a abóbora tem vindo a ganhar expressão desde há uma década. Não só a produção aumentou vinte e cinco vezes mais para cerca de 2500 hectares e passou de três mil para 40 mil toneladas por ano, como rende 10 milhões de euros anualmente aos agricultores, de acordo com dados da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste.

Fonte: Agrotec

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