publicado a: 2018-11-17

Beesweet: Primas do mel metem-se no pólen e “ganham” saúde

A produtora de mel aromatizado Beesweet está a apostar no pólen, que é recolhido pelas abelhas directamente da flor e já está a ser usado por alguns chefs portugueses. Embalado em frascos de vidro de 75 gramas e em comercialização desde o início de 2018, este novo produto pode ser aplicado em iogurtes, em batidos ou usado como acabamento de sobremesas, beneficiando de um prazo de validade prolongado e da recomendação por médicos e nutricionistas.

"Fazemos a recolha do pólen directamente da abelha e de forma sustentável, já que é colocada uma grelha que limita o espaço de entrada na colmeia. A abelha, quando entra, vai inevitavelmente tocar com as patinhas nessa grelha e deixa cair algumas dessas bolinhas de pólen. Algumas caem nessa grelha e essas bolinhas são recolhidas, devidamente desidratadas e são embaladas e vendidas", resume a co-fundadora Ana Pais, que neste segmento de actividade conta também com a parceria de apicultores.

Com sede em Oliveira de Azeméis, a Beesweet acabou por surgir oficialmente em Agosto de 2015 pela mão de duas primas - a outra empreendedora chama-se Carla Pereira - nascidas e criadas em Pardilhó, no concelho de Estarreja, depois de ambas terem ficado desempregadas quase ao mesmo tempo. A escolha deste sector de actividade foi uma espécie de "herança" do avô Augusto, que ocupava as horas vagas na apicultura e fazia experiências com plantas aromáticas, que depois oferecia a amigos e vendia na mercearia da avó Hermínia.

Nas Américas e na Ásia

Com uma quota de exportação a rondar 15%, num volume de negócios total de 55 mil euros no ano passado, os mercados de língua francesa - França, Suíça, Bélgica e Luxemburgo - são os mais representativos para a jovem empresa do Norte do país, que recentemente começou também a vender para Espanha e que está "a dar os primeiros passos no Canadá", para onde já enviou um primeiro carregamento de produtos para testar o mercado.

No entanto, é ao Oriente que a Beesweet continua a "rasgar" o olho, tendo este ano repetido a presença na Feira Internacional de Macau (MIF), onde deu a conhecer a marca que já está à venda no hotel Sheraton localizado nesta região administrativa chinesa. Ana Pais adianta que "há dois importadores interessados em levar o produto para Macau e Hong Kong", notando que "interessa comercializar para estes destinos, mas sempre neste nicho de mercado: gourmet, 'premium' e segmentado, não [querendo] estar em hipermercados e mercados massificados".

Disponível na loja da Fundação de Serralves (Porto) ou no DeliDeluxe (Lisboa), além dos aeroportos nacionais ou do Pão de Açúcar Gourmet, as vendas através da internet valem cerca de 25%. Seja online ou offline, um dos novos argumentos comerciais da Beesweet é o resultado de um estudo laboratorial feito pela Universidade de Aveiro, confirmando que as plantas com que aromatizam de forma artesanal este mel orgânico aumentam os benefícios para a saúde.

Perguntas a Ana Pais - CEO e co-fundadora da Beesweet

"Custo do transporte pode ser barreira"

A empresa nortenha quer aproveitar os contactos no Canadá para se aproximar do mercado americano.

Já estão a abordar os EUA?
Seria maravilhoso ter a oportunidade de um contacto mais próximo porque percebemos que há mercado efectivo para este produto. Recentemente recebemos na empresa um importador do Canadá, que pode ser uma aproximação ao mercado americano.

Como se posicionarão para vender naquele mercado?
É o mesmo segmento, direccionado para espaços com produtos diferenciados, inovadores, de valor acrescentado. Que valorizem o produto pelas características que tem: embalagem, diferenciação dos sabores, qualidade do produto. Isso não pode ser vendido a baixo preço e é valorizado num espaço segmentado e com atendimento personalizado. Isso é importantíssimo.

E que barreiras antecipam?
O custo do transporte, por exemplo. Tem de se estabelecer a melhor parceria, não só com as empresas [clientes] como as de logística. Há soluções, temos é de as encontrar. Percebemos isso agora nas amostras que enviámos para o Canadá. Obviamente não dá para estarmos a enviar meia dúzia de produtos. Tem de ser em alguma quantidade para que o custo de transporte seja diluído.

Comentários